quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

COOPERAR NÃO É PERDER

Incomodam-nos as pessoas que resolvem cruzar decisões disfarçadas e tomar atitudes sem respeito para com os pares. Perdido o sentido da colegialidade, trocam documentos à socapa e telefonam amiúde para trabalhar uma imagem de agrado e consensualidade. Para os mais distraídos, são estas as pessoas mais empenhadas e colaborativas, enquanto quem se entrega às tarefas diárias, dentro de uma razão comedida e perfilado em parâmetros de serenidade, parece ficar ultrapassado. São inúmeras as pessoas que funcionam assim, comandadas por um saber-estar feito de estranhezas e princípios esquivos de relacionamento. Que mudaram de ideias; que agora vêem o problema de forma diferente; que foram aconselhadas a rumar noutra direcção; que..., tudo desculpas de mau agir. Tantas vezes instados a cooperar de forma edificante, surpreende a maneira como encaram a própria relação profissional, recorrendo a estratégias pouco dignas. São estas pessoas que se servem de expedientes para conduzir os seus próprios interesses num sentido de proveito restrito, falando muito em privado com as fontes de decisão bem colocadas. Trabalhar em conjunto requer nova aprendizagem, porquanto perdidos valores tidos como universais: lealdade; tolerância; companheirismo; entreajuda; o bom clima de trabalho; o espaço partilhado; a empatia. Tudo parece ter desaparecido. Primeiro, nessas pessoas; depois, nas que decidiram sempre dar muito mais de si, mas que persistem em ser arrastadas pela ânsia dos que querem chegar primeiro a uma zona onde, afortunadamente, as horas são iguais em todos.

Sem comentários: