domingo, 14 de dezembro de 2008

O FOGO E O GELO


Quem diria que o frio que ora se enfrenta nem é tanto resultado de massas de ares polares, senão obra dos homens incautos que perpetuaram por gerações comportamentos incorrectos e onde o descuido foi sucessivamente tolerado. E pior: com cobertura legislativa indevidamente condescendente, perante um quadro de atitudes faltosas e pobres em integridade. Foram os lixos acumulados em espaços indevidos; foram as descargas cegas realizadas sem uma reprovação oportuna; foram as lavagens industriais sem testemunhos claros. E são os destemperos de muitos que perpetuam tais comportamentos, quando, há que admitir, os exemplos deviam partir de quem mais responsabilidades tem nestas matérias tão sensíveis. Só há poucas décadas passámos a ter verdades mais consentâneas com as desagradáveis imagens apreciadas noutros dias das nossas vidas. Castigos, dirão, impostos sobre nós em jeito de lições severas e dubitavelmente eficazes, porquanto já não irmos a tempo de tudo corrigir da forma mais equilibrada. Restam-nos promessas de criação de sistemas de compensação desses displicentes comportamentos, face ao efeito agastante do ar irrespirável e dos nossos espaços pouco convidativos ao encontro connosco mesmos. Numa consciência cívica activa, o futuro está sempre presente.

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