terça-feira, 3 de novembro de 2009

A PAGA PELO SUOR

Reconhecer o esforço do trabalho encetado, cumprindo cabalmente um acordo estabelecido, é digno da maior humanidade. Sabe-se, à saciedade, que os tempos que se vivem nem sempre são propícios à satisfação plena das expectativas dos que se tem a mando. São empregadores com poucos escrúpulos e sem a noção mais ajustada da responsabilidade social da empresa que gerem, ou são intermediários ávidos de lucro fácil e adquirido logo ao virar da esquina. Quando assim acontece, a solidez do objecto conquistado esboroa-se facilmente, apenas mantendo vivo o delírio materialista efémero, porque inspirado numa desonestidade que é preciso destruir. Dever já é um acto de usura. Sabemos que a tantas horas de trabalho cabem outras tantas e contrapartida monetária. Agora, mais complicado é medir o valor do tempo oferecido graciosamente em favor dos outros. Sem aludir aos abusos que daqui possam surgir, quem dá o seu tempo em total disponibilidade, de mente aberta e coração descomprometido, reconhece não ter de esperar por um salário ou gratificação pecuniária de outra ordem, senão a consideração do gesto oferecido. É dele que necessitamos, como de pão para a boca, num cenário frio onde estamos sujeitos à circunstância arbitrária do que possa aparecer nas gentilezas da ventura, como, ainda, se fôssemos agentes passivos num mundo que reclama incessantemente pela nossa intervenção. Há lugar para todos, porquanto atentos e dispostos a refundar os princípios orientadores das relações humanas, se possível perpetuamente de acordo com uma tendência libertadora do Homem em relação ao seu espaço.

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