sábado, 7 de novembro de 2009

NO DIÁLOGO PARA SER

Dotado de capacidade para tornar comum o que o fascina, perturba e enaltece, o Homem descobre-se progressivamente a si mesmo nas palavras que troca. Não só, mas essencialmente. É um método que, para além de mais espontâneo, é mais directo, acessível e não requer protocolos especiais, senão os relativos às noções de respeito, amabilidade e cortesia. Tece-se uma conversa nestes parâmetros, e quem nos ouve prova a nossa competência – ou a falta dela – para transmitirmos o que temos na disposição de contar. A opinião, quando não é mais uma dúvida, formada no cérebro, nasce quando é expressa e reflecte as vivências de cada um, na comunhão dos valores socialmente instituídos. Dar crédito a quem nos diz isto ou aquilo não significa, a priori, afiançar cabalmente a seriedade das suas palavras. Mais importante é saber ouvir com o discernimento suficiente e com a proficiência habilitada que nos possibilita diferenciar o que está correcto e o que não pode ser acolhido. De outro modo, seremos máquinas de escutar, sem a capacidade de cotar a informação entrada, e aparelhos de reproduzir, na ausência de balanço expressivo. Nem tanto assim nem de outra forma, estamos profundamente convictos, porque não fomos feitos para hospedar matérias sem as assimilar a nosso contento e de forma desgraduada. Se é pela linguagem que se processa o entendimento do mundo, em combinação o jogo e o exemplo, então valorizemos as palavras interpermutadas por quem parte para o seu uso de juízo aberto e de iniciativa translúcida.

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