quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

ASSINAR A PALAVRA

As palavras ditas têm muita importância num contexto de franqueza e abertura de espírito. Valem o que valem, dirão alguns. Valem muito, devíamos todos considerar, assumindo a justeza das nossas afirmações e a clareza dos argumentos aduzidos. Resta lembrar a estima há muito dada ao que se dizia entre quem tinha connosco uma grande relação de proximidade. Num mundo cada vez mais globalizado, são de registar afastamentos progressivos entre as pessoas, ora por convencimento fútil nas tecnologias, ora pela forma agressiva como encaram a realidade e as obrigações, mormente as relativas à actividade profissional. E deixamos uma conversa, das de olhos nos olhos, para depois, porque podemos fazer aquela chamada que até nem custa muito. E, mesmo que esqueçamos a necessidade de repouso dos outros, preferimos perturbar uma viagem, uma refeição ou um silêncio, porque assim decidimos e porque não houve outra oportunidade. Lamentos ocos, sensaborãos. A nossa voz tem realismo e pulsação, e olha o som que vem de fora para encontrar a resposta no tom certo. A palavra pronunciada nunca dever ser ignorada, mas de pouco vale enquanto não passar à forma escrita e ratificada. No tempo em que falar servia como melhor testemunho capaz de regular o entendimento entre pessoas que se relacionavam sob princípios de mútua boa-fé. Pois: sacrificámos quase tudo por ela.

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