segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

NO PRINCÍPIO DO FIM

Uma semana que começa em alguma calma e sem pressas, nem para pôr em dia tarefas prometidas a realizar neste período de pausa. Se foi dos parcos tempos de descanso, ou se foi da chuva que caiu quase incessante, num dia cinzentão e convidativo a estar bem dentro de casa. Doce fazer nada. Traduzida a expressão, o que resta são folgares de prazer, porque também devemos apreciar a necessidade dos intervalos, como tempos de reposição das nossas energias, tantas e tantas vezes dispendidas em vão, entre pessoas que reclamam esforços no limite das capacidades que temos. Os intervalos são tão importantes quanto os momentos de afã e dedicação aos afazeres agendados, porquanto sermos de recursos nunca eternos. Limitados como humanos que somos, precisamos de interromper o curso frenético das lidas diárias, para nos concentrarmos no que estamos a construir, se bem se mal. Não raro passamos à margem destas reflexões, porque os contextos em que o fazíamos deixaram de existir, estando hoje arredados da espontaneidade que era corrente. Mesmo que procuremos as mesmas pessoas para refazer esse tempo de contacto são, nem conseguimos explicar os motivos de tal vontade nem elas interpretam de igual modo essa pretensão. O pior é mesmo quando essas pessoas desapareceram para sempre dos nossos olhares, deixando-nos o seu silêncio ensinador. Partiram para sempre, sem haver tempo para uma despedida ao jeito antigo das conversas e desafios de raciocínio nascidos nos dias de intervalo que tínhamos.

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