domingo, 28 de dezembro de 2008

DAR ESTABILIDADE

Reconhecendo, nos tempos que vivemos, maior quantidade de momentos menos felizes, há que saber prolongar a festa que representa estar em família. Num dia como o de hoje, torna-se importante avaliar as palavras que nos chamam à união do lar, como garante de estabilidade e segurança futura. Precisamos de nos sentir integrados num corpo com alma, para que possamos perceber a vida como combinação de origens que dão sentido aos sentidos inatos. Muito do que somos vem connosco, mas precisamos de apurar a crueza do sangue que nos corre, sob pena de o sentir circular sem perceber o benefício de tal fluxo. Ter quem proceda às requeridas explicações, numa perspectiva que vá para lá da meramente técnica, explorada nas aulas, é de extrema utilidade para que percebamos o crescimento como obra de uma transcendência a que nunca teremos acesso. O que daqui se percebe deriva do facto de haver em nós, como fruto de uma tomada de consciência da nossa individualidade, a necessidade de reconhecer os nossos limites, quando chamados à descoberta do que existe para lá de nós. E, se valores como estes não forem incutidos na família, desde muito cedo, o esguardo do território dos outros pode perder-se de forma irrecuperável, com ele desaparecendo o nosso. Num quadro de formação equilibrado e ponderado, só muito dificilmente perdemos o nosso espaço, e até contribuimos para a sua partilha, porque não tememos a satisfação dos outros. E é essa estabilidade que temos de atribuir logo à nascença, como habilitação dada para enfrentar todos os géneros de privações futuras. Quanto mais dermos, mais receberemos, mesmo que fiquemos com a sensação da existência de uma lacuna imperecível que nos acompanhe vida fora.

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