sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

RECOMEÇAR

Adiantar o pé direito, pela superstição, aos primeiros segundos de mais uma etapa, ou ignorar um outro qualquer gesto de indício auspicioso, apenas, é a primeira escolha a proceder no novo ano. Gesto repetido, que lembra, afinal, entradas em anos que deixaram de ser novos há muito, para acumulação de lembranças sobre lembranças. Manifestar previsões e atestar contratos pode fazer de nós pessoas de decisão, capazes de abraçar uma proposta mais audaciosa, depois postas à prova nos meses que hão-de vir. Falhar a festa é que não parece acertado, conquanto afastados do espírito alegre e fraterno que une milhões em todo o mundo. Entre muitas opções possíveis, decide-se o brinde entre amizades e companhias esperadas, e define-se o sinal que possa marcar positivamente o início de mais um desafio longo, que não se deseja penoso. A crer nestas circunstâncias, efémeras por força da vivência que se projecta em avanço, ficamos de imediato marcados por intenções capazes de assegurar melhores e estendidos momentos a ter num ano inteiro. Pudéssemos prolongar os bons momentos, para sempre, em jeito de humanidade omnipotente, e estaríamos em festa contínua a revelar o invulgar sentido de olhar as coisas. Querer o que há de melhor é desejar o óptimo por um ano completo, de nós para os outros, em garantia harmoniosa de benignidade, evitando deixar para um ano que há-de vir mesmo novo para saldar aquelas contas que os propósitos envelhecidos pela impossibilidade de os concretizar foi pondo de parte. Tudo a contento de ambas as partes: nós e os outros.

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