sexta-feira, 7 de novembro de 2008

LER É CONSTRUIR

O prazer de ler nem sempre é consentâneo com a necessidade de aprender. Não faz mal assumir que um óptimo leitor pode muito bem aprender por si, qualidade que determinados escritores têm à saciedadede. Ler implica mobilizar o previamente mobilizável, de forma sempre diferente e audaciosa. Nesse sentido, qualquer acto de leitura é, per si, um acto subversivo, na medida em que nos impele a reformular o adquirido, ora de maneira equilibrada, ora através de rupturas mais ou menos conciliáveis. E é exactamente entre os equilíbrios e as rupturas que se vai consolidando a nossa personalidade, moldada pelas escolhas conscientemente aceites, na defesa dos nossos interesses e na conquista da esperada promoção social. Aceitar o desafio da leitura de um bom livro é um acto de crescimento são, ainda que a mensagem possa parecer desgastante, fastidiosa e rotineira. Temos de deixar que as palavras lidas façam em nós um efeito qualquer. Até mesmo incómodo, porque também as idades que vamos tendo servem para nos desinstalar do que já conhecemos.

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