quinta-feira, 5 de maio de 2011

PELO CONTACTO VIVO

Vivemos para construir e corroer o anteriormente edificado. E tudo num constante ciclo de elevação e derrube, em substituição de sinais de realização humana que se vão sobrepondo no decurso dos dias. Como eles, a dar lugar aos meses e anos, porque tudo existe pelo sentido da transformação. Só mesmo a memória, para recuperar os passos dados, os tempos gastos e as imagens esboçadas e prontas. Ela é a mestra capaz de explicar todas as transferências de relações delimitadas pelas tendências de situação e pelas necessidades, mais ou menos espontâneas, de nos revelarmos seres em construção permanente, entre o que passou e o devir, num curto intervalo de hipóteses, perguntas e novas dúvidas, porque as respostas só se conquistam pelas experiências. Ir ao encontro delas, na simplicidade da linguagem e lhaneza de gestos, é mais de meio caminho para nos aproximarmos dos outros que sentem as mesmas urgências de contacto. E porque é urgente comunicar com verdade, para lá das barreiras inventadas da proporção tecnológica desfasada, que arreda os homens da abertura de espírito, aceitamos um convite, perto ou longe, pouco importa, para tornar mais únicos os nossos dias de passagem entre vidas. Vale realmente a pena, quando assumimos o sim como contributo de realização mútua, porque tanto nos enriquecemos com a troca de impressões dos que nos ouvem, como estamos prontos a engrandecer quem reclama a nossa comparência. Afinal, de que servimos, se não estivermos prontos para servir? É assim que lançamos investimentos e aceitamos suores capazes de levantar projectos, na concretização daquilo que julgamos ser capaz de amplificar a nossa relação com os outros. Por haver valores, história e sentido de cooperação.