quarta-feira, 13 de outubro de 2010

RESGATAR A ESPERANÇA

A metáfora de um buraco é recorrentemente empregue como tentativa de definição do actual estado social. Perdemos horas e horas a avivar a aritmética familiar e as nossas capacidades inventivas, perante um quadro que esboça um futuro descrente e mostra um rumo em falência progressiva. Pessimismos à parte, pelo que se dá a entender, estaremos a pouca distância de um abismo cujo espaço se desconhece em concreto, mas que existe, porque, infelizmente, já aí capitulámos. Em fase de acentuado desconforto e lenta perda de ânimo colectivo, eis que um imponderável surge para reunir homens em torno de uma solução. E logo nos apercebemos das fragilidades humanas, perante as colossais obras da Natureza. Olhamos à nossa volta e não alcançamos a completa distância que separa a necessidade urgente de intervir da nossa finitude, imagem final que surge como evidência em construção. Confinados a um espaço que se vê sempre curto, de imediato por força do imprevisto e por da via da ingénita demanda de horizonte, e contra a crença inicial que esbarrou no inevitável tempo a dar aos estudos, estão muitos de nós na espera de um amanhã mais sorridente. Por nos sentirmos em perda das forças raras que temos, muitas vezes invisíveis, vacilamos ao mínimo contratempo, valendo a fé individual para suster as investidas. Valem, por ora, palavras de conforto e de encorajamento, como forma de ir ao encontro de quem resiste e acredita, usando falas claras e verdadeiras. Como as estrelas, afinal.