sábado, 4 de janeiro de 2014

O MISTÉRIO POSSÍVEL

A entrada num novo ano traz sempre consigo um desconhecimento do que falta vencer. São outras expectativas, inevitavelmente, que entram no nosso campo de realizações possíveis, quantas vezes em consequência do que foi e do que podia ter sido o ano anterior. Ou se pretende a sério a confirmação dos sinais volvidos, ou uma alteração radical dos acontecimentos futuros, começando pela formulação impressiva de desejos pessoais. Uma coisa é certa: é nestas fases da vida colectiva que as pessoas se encontram mais unidas, porquanto firmadas na procura de melhores condições de vida, o que, afinal, parece suficiente para dar relativo apaziguamento ao penoso curso dos dias. Reconhecidamente árduos, já bastam os compromissos de responsabilidade social para trazer as indesejadas despesas, mas inadiáveis e irrevogáveis, por força das actuais circunstâncias críticas da vida comum. Começar de novo requer abertura de espírito. Abertura à capacidade de optar pela mudança (primeira premissa); ao entendimento lúcido dos indícios principiais; à aceitação da novidade. Sempre fascinante, porque sem rumo prévio, o que é o não estreado que deve prender a nossa atenção, já que dele surgem os maiores e promissores sinais para o novo ano. E muito frequentemente. Mais difícil é ter a capacidade de os interpretar, porque nisso somos sempre incultos e mal adestrados, por via de uma educação mais reprodutora que criadora. Portanto, o que conta como decisivo para a história deste ano que dá os primeiros passos é olhar o futuro com o desejo de aceitar cada surpresa como única, assim como uma dádiva de origem sobrenatural, porque o que surge inesperadamente nunca deve nem pode ser desprezado. Acolher uma graça tal qual se oferece é a síntese dos nossos comportamentos.

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