quinta-feira, 21 de abril de 2011

PARA LÁ DE NÓS

Parece não existir, comprovadamente, vida sensível em planetas para lá da Terra, como a concebemos, em corpo e razão. O que vai sendo certo, até que haja confirmação epistémica contrária, é a convicção da existência da completude da realização ontológica neste planeta habitado, em estreita relação com o espaço dominado pelos seres humanos, que existem para fundar novos modelos de comportamento e instituir sentidos de organização progressivamente elaborados, ainda que nem sempre com a maior eficácia. É a pensar desta forma que se consomem horas sobre horas, em cimeiras e colóquios, junto de reputadas figuras que promovem constantemente uma imagem de protecção das causas que defendem. E os homens nunca pensaram viver sem companhia cósmica, depois de terem andado à procura de amostras e sinais de géneros vivos, mais ou menos evoluídos. Mas não. Foi pela avidez de outras realidades, que não as suas, que muitos homens inteligentes investiram quase todos os meridianos e distâncias para ir ao encontro de desconhecidos sítios antes escolhidos. Ou talvez não. Mas só de longe, que as máquinas que se fazem não conseguem chegar a todo o lado: é a temperatura, a pressão, os agentes ou corpos estranhos, mais a autonomia, que o que se pensa antes da partida traz surpresas durante a viagem. Muito azul, muitos sonhos e aventuras, para mostrar que o ser humano era capaz de acreditar em vida renovada, muito, mas mesmo muito para lá de si mesmo. Mas continua sozinho, sem amigos estranhos ou visitantes de circunstância. Que desperdício…