quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

REAVIVAR POSIÇÕES

Pior que os sinais de depressão colectiva que dia após dia enchem os ouvidos e os olhos dos cidadãos mais atentos, é admitir que há sempre pessoas interessadas em manter no fundo as formas de agir alheias, sem se assegurarem das justificações da legitimidade das opções assumidas. Gerados supostos equívocos, passam a estar na agenda reuniões sobre reuniões, como tentativas de resolução de conflitos espontaneamente surgidos apenas da existência de entendimentos díspares de uma mesma situação. Definem-se tempos de intervenção e clarificam-se intenções, como se se tratasse de ampliar formalidades vãs, mas sonantes. Ainda aí, o que mais parece de maior sinal e o reforço das posições antes defendidas. O que significa dizer que por muitos impedimentos que surjam, devemos ser nós mesmos nas decisões tomadas, sem arrogâncias, mas com o necessário alcance de alguns anos de avanço. Nem que sejam poucos, mas na coerência dos princípios que nos regem, há que manter uma disposição capaz de ir ao encontro das nossas exactas convicções. Colidam ou não com as ideias dos outros. Essa é uma necessidade de quem age em liberdade de pensamento e manifesta-se em rigor e total coerência com a sua concepção da realidade. Portanto, e independentemente dos desvios de palavras, qualquer pessoa deve um esforço em compreender esta posição de princípio. Valerá muito pouco, para alguém que duvide da determinação mantida na defesa dos termos em que pronuncia determinada opinião.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

PACTOS DE AVANÇO

A história também se vai definindo e escrevendo nas linhas de atrevimento, pessoal ou grupal. Conscientes de que o rasgo de iniciativa nem sempre é nem pode ser o mesmo, em função dos sinais colocados aos nossos olhos, por força de poderosos meios de comunicação social, cabe-nos repensar os modelos ainda vigentes como paradigmas com os dias contados. Saber se é culpa do caudal tecnológico e informativo, isso nem interessa. Mas cabe-nos a responsabilidade de estar alerta para possíveis ameaças às capacidades fundadoras dos nossos próprios caminhos. Porque sabemos ser competentes na criação de rotas pessoais, assumimos os cuidadosos desvelos no resguardo da nossa integridade como seres construtores da história. Não se trata de deitar abaixo os estabilizadores de vida que outros há muito criaram, como o emprego permanente ou uma família eternamente estável, mas antes recuperar valores que favoreçam a consolidação de posturas decentes e que dêem garantias de futuro. Alguém de chinelo roto ter-se-á sentado num sofá de mansão, e adormecido num sonho de Peter Pan, acreditando nas inspirações oníricas de terapêutica perpétua. Conhecer o mal, primeiro, para recorrer a novas formas de convalescença, usando novos métodos de tratamento, depois, parece ser o mais acertado percurso a fazer para atinarmos numa direcção promissora. Um destino colectivo não é a mera soma dos destinos individuais, mas sim a combinação de muitos projectos de matriz comum, a do interesse global e conciliador das gerações. Reformas impostas em jeito de capitulação não podem dar bons resultados, senão sustentadas por mais firmes valores de distribuição equilibrada das riquezas. São de todos e a todos pertencem.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

PLANEAR DESAFIOS

Nem sempre retomar uma tarefa se revela acessível a quem tem de a aceitar. E não são só as interrupções festivas que perturbam a sequência dos dias de afazeres marcados pelas rotinas em busca das tão propaladas competências. Quem as tem, das duas uma: ou se aperta no convencimento de que ninguém alheio as pode esvaziar, ou potencia-as em favor do colectivo a que pertence. Porque o curso do tempo não retoma origens, há que definir metas susceptíveis de serem ultrapassadas, dentro de parâmetros ajustados à responsabilidade social de cada um. Conquistadas, logo se mostra de determinante exigência alcançar alvos novos, propiciadores do alargamento da imagem que temos de nós mesmos. Cada dia que passa é mais uma etapa ganha na sua construção, em procura permanente de horizontes que concordem com a nossa mais natural maneira de estar no mundo. Crescer é planear desafios, abrindo-os em cor e mistura com o universo dos outros, percebendo que é do concerto de gostos e intenções que o entendimento das coisas adolesce. Fomos gerados para compreender, dominar e integrar o que está edificado no campo das possibilidades diariamente alargado, graças aos sucessivos estágios em que somos colocados. Pesadas as circunstâncias em que cada aprendizagem é feita, e afastadas imolações de carácter, é no realismo das dificuldades que mostramos ou não estarmos à altura dos impulsos nados do imprevisto, sugestão inédita face à qual nunca devemos deixar de acreditar nas nossas virtualidades.

domingo, 2 de janeiro de 2011

MANIFESTAR A DISPONIBILIDADE

É na convicção da importância do sentido de iniciativa, como norma fundadora da tomada de decisões, que devemos radicar os nossos princípios de vida. Num ano que ainda mal começou, em que definir metas ganha particular valor e traçar projectos adquire especial sublinhado, tecem-se variadas considerações acerca da melhor forma de podermos conduzir os nossos destinos, mais ou menos condicionados pelas circunstâncias sociais e económicas. Esta mesma base de que tudo parece nascer, assumiu o zénite das preocupações de todos, praticamente sem excepção, e nada mais se apresenta como essencial à gestão dos futuros globais. Todavia, não se pode desprezar a educação sob regras de conduta moral e ética das gerações vindouras, como forma de promover a criação de indivíduos capazes de estabelecer justos domínios de intervenção e de se revelarem plenos de responsabilidade, mormente em favor do surgimento de comunidades publicamente empenhadas. Muito necessitados disso, por via do afastamento progressivo das pessoas que davam corpo a iniciativas enriquecedoras, a que um dominador comodismo não é alheio, torna-se imprescindível recolocar o desembaraço dos inúmeros exemplos conhecidos outra vez no centro das nossas atenções, encorajando os jovens na conquista do seu lugar na sociedade. Assim, estamos convencidos, podemos encarreirar em definitivo na construção de uma sociedade mais justa e sem desequilíbrios de recursos. Quando todos quiserem defender o que a todos pertence e puderem apetrechar-se das armas da aprendizagem ao longo da vida, estaremos mais aptos a deixar bem alicerçada a nossa passagem terrena, para que outros depois possam edificar outros monumentos que assinalem a dignidade das nossas acções. Porque todos podem.