sábado, 1 de janeiro de 2011

ASSENTAR A INICIATIVA


Haverá muita gente que ainda festeja a entrada do novo ano, olhando com nostalgia para o que terminou e prevendo meses austeros e de contenção. Entre o possível e o realizável, praticamente todos convivem da opinião de que os tempos não auguram contentamentos nem descansos, já que aos cidadãos impende a responsabilidade de resistir e suster aquilo que parece a maior ofensiva contra os seus aforros. Olhando a longe, de quem alcança na distância a intuição ganhadora de um investimento, retirar proventos a rasgo meramente político não é a melhor solução para resolver a crise em que nos encontramos. Para mais, parece crível que, perante um cenário já de si escurecido, em que a palavra mais gasta desanima e os recursos se apresentam progressivamente escassos, impor taxas e exigir justificações submerge ainda mais uma nação que já não se encontra encorajada o suficiente para arremessar-se a novos e mais sólidos desafios. É neste quadro que o sentido de iniciativa adquire especial importância, dado tratar-se de um elemento cultural fundamental da nossa forma de ser portuguesa. E reconhecendo a valia da inspiração individual, que surge amiúde, devemos concentrar energias para acreditar na força colectiva das diligências postas à disposição do colectivo, porque só assim podemos atingir níveis de realização mais sorridentes. Não bastará, portanto, improvisar, que aí também nos distinguimos de outras mundividências, outrossim, apostar na capacidade de organização e aprofundar as regras de planeamento, como estratégias de controlo de rumos de vida que se pretendem harmoniosos.