quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

SEM CAPÍTULO ZERO


Ciclo sobre ciclo. É a nossa vida a refazer-se nos dias de mais promessas que garantias; mais juras que conquistas, a arrastar uma confiança meia desaparecida nas névoas dos desentendimentos gerais. Tudo é global, até a descrença num futuro melhor, que não deixa margem satisfatória a cada indivíduo para revelar o desconcerto da era que vivemos. São os medos de virmos a reprovar na aceitação dos outros, em pessoa ou em instituição colectiva, que nos tolhem a liberdade de anunciar o necessário equilíbrio a todos. É, pois, um risco sério, manifestar o desagrado do falhanço do sistema político que incorporou regimes de expressão sôfrega da economia, agora náufraga de interesses tão passageiros quanto ocos os caminhos traçados pelos responsáveis de tal situação. Que espaço, portanto, cabe ao cidadão, senão ter de aceitar uma ordem feita de solavancos incómodos? Entrámos na história das realidades familiares sem direito a qualquer experiência, tendo nascido logo em um dia de um qualquer mês, num qualquer ano-etapa da história mundial, abandonada a experiências mais ou menos consequentes. A nossa narrativa faz-se no imediato e sem direito a prólogo, porque ninguém parece ter tempo para endireitar as veredas que os nossos olhares vislumbram. Somos logo vida, em choro convulso, parte de uma outra vida mais solícita, anos mais tarde, transformada numa avidez obstinada com a posse do material e abraçada em egoísmos hipócritas, condicionados por sistemas de difusão da informação conveniente que vão lentamente afastando das vidas exemplares de pessoas ainda presentes em nosso meio. É preciso olhar em frente, com um renovado estudo sobre os dias que nos trazem vivo o apetite de estar vivo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O JOGO DA VIDA

Os dias com gente viva trazem, amiudadas ocasiões, apelos sérios à participação comum em iniciativas de construção mais empenhada ou divertida, consoante os contextos de profissionalidade ou convívio em que nos movemos. Responder afirmativamente nem sempre se torna numa decisão fácil de assumir, pois que a gestão das nossas disposições e humores é condicionante ao envolvimento agregado. Sabemos que não nos devemos deixar dominar pela circunstância arbitrária dos arranjos momentâneos dos comportamentos, mas devemos estar sempre atentos às necessidades de colaboração, cujo interesse parta dos que connosco se relacionam. Entre ficar ou partir, há que tomar o desafio de sairmos de nós mesmos, para alargar o círculo de relações, ainda que com os receios, mais ou menos fundados, de não ser bem aceite entre pessoas desconhecidas. Só o são até nos dispormos a deixar que o sejam, isto é, entram no nosso terreno de troca no momento em que começamos a apreciar uma qualidade que seja, valendo essa, por ser a primeira comprovada na observação, acima de quantas possam, posteriormente, surgir. É da partilha de experiências que vão emergindo as potencialidades individuais, abonadas da aceitação dos desafios em equipa. Para lá do nosso campo, há uma outra metade por onde importa entrar, na mira de poder ultrapassar uma linha de vitória, não raro de ténue distância da linha da derrota. É, pois, mais que imprescindível, saber escolher a melhor estratégia para deslaçar o aperto em que os fios da vantagem e do rombo parecem, indefinidamente, estar unidos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A MÃO NO SÍTIO CERTO

Enquanto uns dias nos acordam, cinzentos, com as novas mais que rotineiras, postas à mesma hora por vozes pouco animadoras, outros abrem-se em surpresas inusitadas. Seja pelo sucedido na conclusão do dia anterior, seja pela inauguração daquele em que acordamos, somos chamados a despertar para o entendimento do que é novo, por ser raro, e, por conseguinte, mais atreito a causar estupefacção. Temos os ouvidos, primeiro, e o olhar, depois, a recuperar da inércia nocturna, dispostos a encarar as manchetes e os destaques para a reflexão das novidades faladas, escritas e televisionadas, porque os critérios jornalísticos assim o determinam. Com efeito, um caso só merece importância por ser capaz de concitar as atenções de públicos muito vastos (falamos de milhões de cidadãos) e guindado ao prime-time pelas repercussões dele advindas. Um simples caso pode afastar-se da banalidade na medida em que possibilite activar a troca de argumentos muito mais abrangentes que uma mera incompatibilidade entre um sim e um não. Ainda mais acesa pode ser a discussão, se o que está em causa é o acesso de uma equipa a uma competição desportiva de relevo mundial. Dilatado o problema, porquanto passível de interferir em esferas díspares da futebolística, porque assim o alcance mediático parece exigir, nele intervêm figuras de topo do âmbito político a esgrimir argumentos falaciosos e comprometedores das relações que se desejam de lisura. Posta a questão nestes termos, poderemos, com a força de uma comunicação social insidiosa, estar a contribuir para alimentar polémicas nascidas de situações imponderáveis, mas corrigíveis, pondo a nossa mão, outrossim, ao serviço da justeza de procedimentos, uma vez capazes de concertar soluções favoráveis ao entendimento mútuo.

domingo, 8 de novembro de 2009

A MAIOR RIQUEZA

A vida prodigaliza-nos com excelências nem sempre reconhecidas como imprescindíveis à beleza dos nossos dias. Estar à altura de avaliar bem as ofertas vindas sem pedidos é uma grande qualidade, que pode não «nascer» connosco, mas que deve ser educada de forma equilibrada e tendo em vista o benefício comum. De entre muitas valias vistas, uma é a família. Porque nos traz ao mundo; porque nos ensina a crescer; porque nos promove na sociedade. E nem se discutem os métodos em que tais funções decorrem, já que aqui não caberia tal tratado. São sobejamente conhecidas as linhas com que se tecem as relações de muitas famílias, que votam ao esquecimento quem fundou a sua história e que ignoram as origens numa altivez amesquinhada por interesses vizinhos da insensatez. Sabemos, também importa admitir, que muita gente nunca teve boas oportunidades de perceber o que de mais ajustado existe, por apenas conviver com a derrota e o defeito, numa postura amiga da egolatria e conducente ao progressivo isolamento que oprime muito mais em vez de criar. Com quem aprender a olhar o mundo com vistas largas e de esperança, senão com os que, logo muito antes de estarmos entre eles, já tinham um projecto de vida para nos dar. E, mesmo que sem a solidez mais promissora, porquanto sujeitos às contingências das políticas, por exemplo, bem no íntimo já havia uma história por edificar e instituir em conjunto.

sábado, 7 de novembro de 2009

NO DIÁLOGO PARA SER

Dotado de capacidade para tornar comum o que o fascina, perturba e enaltece, o Homem descobre-se progressivamente a si mesmo nas palavras que troca. Não só, mas essencialmente. É um método que, para além de mais espontâneo, é mais directo, acessível e não requer protocolos especiais, senão os relativos às noções de respeito, amabilidade e cortesia. Tece-se uma conversa nestes parâmetros, e quem nos ouve prova a nossa competência – ou a falta dela – para transmitirmos o que temos na disposição de contar. A opinião, quando não é mais uma dúvida, formada no cérebro, nasce quando é expressa e reflecte as vivências de cada um, na comunhão dos valores socialmente instituídos. Dar crédito a quem nos diz isto ou aquilo não significa, a priori, afiançar cabalmente a seriedade das suas palavras. Mais importante é saber ouvir com o discernimento suficiente e com a proficiência habilitada que nos possibilita diferenciar o que está correcto e o que não pode ser acolhido. De outro modo, seremos máquinas de escutar, sem a capacidade de cotar a informação entrada, e aparelhos de reproduzir, na ausência de balanço expressivo. Nem tanto assim nem de outra forma, estamos profundamente convictos, porque não fomos feitos para hospedar matérias sem as assimilar a nosso contento e de forma desgraduada. Se é pela linguagem que se processa o entendimento do mundo, em combinação o jogo e o exemplo, então valorizemos as palavras interpermutadas por quem parte para o seu uso de juízo aberto e de iniciativa translúcida.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

DEIXAR PASSAR O PASSADO

Olhar o passado com probidade, quando particularmente mais desafortunado e de pouca monta nos espaços e em certo género de relações, como forma de crer ainda mais no futuro, traz consigo promissores exames e encorajadores sinais na vanguarda das nossas vontades. Sendo, o ser humano, uma espécie de arquivo animado das suas vivências, facilmente consegue inverter o curso temporal natural, recuando e avançando conforme os sentidos volitivos preferentes. E já que as memórias também coabitam em paralelo com as dos seus iguais, não pode tecer a meada da sua história de forma isolada, mas balanceada nas recordações e sonhos de todos. O que fazem certas pessoas, no seu corroer lento de vidas próximas, ao criar indícios de divórcio entre iguais, é promover a incerteza do tempo por andar. De outro modo, o modo de estar de certas pessoas resume-se a edificar castelos de imaginação errónea nas individualidades estranhas, contrariamente a quem se afirma em seriedade e correcção, sustentando a convicção de que devemos partir do crédito em nós mesmos. E sempre. Falar de saudade impossível pode não significar necessariamente acentuar o desprezo por alguém em concreto, mas olhar em frente de maneira infundida, consciente da lucidez para enfrentar novos desafios. Titubear não resolve as incertezas, se as houver, que temos. Pelo contrário, ainda as sublinha, num quadro derrotista que nos afasta da conclusão premiada que queremos dar à nossa vida. É o mesmo que partir para um qualquer concurso, ainda que de circunstância, em desprazer dominador.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

VER E SER

É muito gratificante reconhecer as excelentes qualidades que nos apontam, quando não pomos em dúvida a idoneidade da origem dessas palavras. Mais árduo é ter de admitir que haverá sempre quem nos julgue pela sua maneira de julgar: anotam aspectos menos agradáveis por lhes parecer ser possível assumir-se diferentes. Pouco certo, por eufemismo, avaliar comportamentos alheios pela individualizada leitura que fazemos do que os nossos olhos captam. Quantas ocasiões enganadora, a vista lá nos atraiçoa com aparências nadas em relances crus, suscitando equívocos e desencontros de opiniões. De má tendência, porfiar na revelação de diferentes formas de encarar a maturidade característica de uma certa teimosia de interesses. Perante a certeza dos resultados conquistados por quem teve o mérito de os obter, pode despertar a aproximação das diferenças. Isto equivale a dizer que os desafios vencidos, com maior ou menor determinação, cabem por inteiro a quem manteve viva a crença nas suas possibilidades e segurou esse repto vivo até ao fim da contenda, batalha aberta aos capazes. Portanto, uma pessoa pode não apreciar um qualquer trabalho numa perspectiva graciosa, não raro ilusória. Todavia, há também que saber que, ao sujeitarmos um trabalho à avaliação alheia, temos de esperar qualquer género de comentário, sabendo medir as distâncias entre a qualidade do seu conteúdo e as palavras ditas de cálculo. Por isso é que ninguém pode comandar os raciocínios de quem comenta uma tarefa realizada em troca de uma classificação.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O VALOR DOS VALORES

O que une o Homem, nas profundezas do seu entendimento, senão a fé nos projectos que enceta? Avança e recua; sobe e declina, mas sempre no fito de conquistar um espaço único capaz de projectar a sua vida para lá da dos comuns. Os que assim vão tendo a noção de História são os que se entregam ao contributo nobre de dar o seu nome a causas válidas, ainda que haja sempre alguém a vaticinar fatalidades crescentes. Longe delas, como deve ser de bom tom, os bons fins não se obtêm, dada a natureza destrutiva e derrotista de quem augura a escuridão nos outros. Talvez porque pensem que a sua vida não terá fim, são de poucos auxílios e de encorajamentos nulos, espreitando marés de para ver os semelhantes derrapar em desgastes de paciência e a esgotar os dias tornados vãos, pelo vazio dos amanhãs sem nascer possível. De onde virá essa energia de repulsa, em fôlegos sôfregos encaminhados em rumo inútil? Figuras a mais e sem a noção do desperdício, em trabalhos mesquinhos de desfazer e reduzir a nada as intenções alheias, desconsiderando, a qualquer momento, as razões de quem age por princípios construtivos e sérios. Dar o valor a quem merece exige o primeiro reconhecimento de nós mesmos como seres capazes de admitir a grandeza do outro, ao invés de, por inépcia nossa, esperarmos na quietude traiçoeira por deslizes de infelicidade de quem vive sempre a apostar em si.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A PAGA PELO SUOR

Reconhecer o esforço do trabalho encetado, cumprindo cabalmente um acordo estabelecido, é digno da maior humanidade. Sabe-se, à saciedade, que os tempos que se vivem nem sempre são propícios à satisfação plena das expectativas dos que se tem a mando. São empregadores com poucos escrúpulos e sem a noção mais ajustada da responsabilidade social da empresa que gerem, ou são intermediários ávidos de lucro fácil e adquirido logo ao virar da esquina. Quando assim acontece, a solidez do objecto conquistado esboroa-se facilmente, apenas mantendo vivo o delírio materialista efémero, porque inspirado numa desonestidade que é preciso destruir. Dever já é um acto de usura. Sabemos que a tantas horas de trabalho cabem outras tantas e contrapartida monetária. Agora, mais complicado é medir o valor do tempo oferecido graciosamente em favor dos outros. Sem aludir aos abusos que daqui possam surgir, quem dá o seu tempo em total disponibilidade, de mente aberta e coração descomprometido, reconhece não ter de esperar por um salário ou gratificação pecuniária de outra ordem, senão a consideração do gesto oferecido. É dele que necessitamos, como de pão para a boca, num cenário frio onde estamos sujeitos à circunstância arbitrária do que possa aparecer nas gentilezas da ventura, como, ainda, se fôssemos agentes passivos num mundo que reclama incessantemente pela nossa intervenção. Há lugar para todos, porquanto atentos e dispostos a refundar os princípios orientadores das relações humanas, se possível perpetuamente de acordo com uma tendência libertadora do Homem em relação ao seu espaço.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

UNIR PARA CRESCER

O diálogo favorece as trocas interpessoais de opiniões e interesses, aproximando perspectivas de maior ou menor vizinhança, consoante a mundividência própria. A atracção por uma boa conversa nasce, não raro, em momentos inusitados e desenvolve-se consoante a disponibilidade intelectual dos interlocutores. Acresce dizer que há ainda outra disponibilidade deveras importante para poder ser desconsiderada – a do tempo. Isto pressupõe admitir o abandono transitório de certas preocupações que podem interferir seriamente no intercâmbio de posições mais ou menos reflectidas. É o que se verifica nas conversas sobre a as vivências das religiões e dos respectivos papéis na explicação da procura da imortalidade, como se tudo precisasse de sentido técnico para poder estar ao alcance das nossas crenças. As religiões não são panaceias para resolver agitações nadas das querelas terrenas, nem para justificar desvios supostamente ingénuos. Auxiliam, antes, a percepção de questões deveras profundas para terem respostas instantâneas, em direcção contrária à forma de as encarar de maneira positivista. Um caso crescente nas inquietações dos homens, sempre que se vêem confrontados com a contingência de sermos contingentes, perante a inexorabilidade da vida. Poderá o nosso raciocínio alcançar uma percepção próxima capaz de percebermos a inevitabilidade do fim? Não estaremos a querer lutar contra um percurso que não cabe liminarmente à nossa vontade, exígua nos argumentos a que recorremos para tentar compreender o que de humano o transcende?

domingo, 1 de novembro de 2009

DIA DE REENCONTRO

Sem receio de estarmos próximos de qualquer embuste de linguagem, podemos afirmar que andamos na vida como que em viagem. Com a grande diferença, entre outras, que é a de não saber muito bem o itinerário nos primeiros anos. Vai-se desenhando, paulatinamente, em função do que observamos, ouvimos e aprendemos das vontades misturadas dos que connosco convivem. E cresce, em maior ou menor redundância construtiva, à medida dos nossos caprichos, anseios e virtudes, de forma sempre singular. Somos únicos, pois assim, porque ninguém se atreve a derrotar o entendimento que se tem do mundo, mesmo que se julgue inoportuno e desarticulado da realidade. Cada indivíduo é a imagem do seu próprio mundo em curso, não cabendo, por respeito solidário, a reprovação de comportamentos vistos à luz das nossas aptidões e tendências. A história constrói-nos para sermos (novos) construtores de um mundo em jornada, ajudados pelas palavras e exemplos de quem nos precedeu. Neles estão as nossas referências úteis e imprescindíveis para poder estar na vida de forma coerente e arrogada, pois assim o quiseram. Modelos vivos, como queremos ser, e novos agentes de uma humanidade em transformação, capazes de estar sempre prontos a abrir caminhos decididos e propícios à participação de quantos queiram seguir rumos certos e de amplos horizontes por descobrir. E porque a viagem não pode terminar sem que descubramos algo de verdadeiramente intenso, a única coisa a fazer que nos resta é mesmo nunca desistir de manter genuína a orientação que nos revela.

sábado, 31 de outubro de 2009

NO CONVÍVIO DAS PALAVRAS

Um ano mais é pouco tempo. Tudo se esvai muito rapidamente no (des)encanto dos imponderáveis da tecnologia, que nos poupa, não raro inesperadamente, a compromissos pessoais assumidos. Um ano de reflexão, «apenas» interrompido pela surpresa de algumas avarias desencorajadoras, como, afinal, um duradouro intervalo que serviu para recuperar novos fôlegos. O desejo de estar de novo no convívio com as palavras abertas a significados vivos permitiu regressar a este local de encontro, também ele vivo como as pessoas que o compartilham. É sempre bom voltar a ver ganhar vida num projecto de ligação de sensibilidades através das palavras lidas em reciprocidade, capazes de aproximar diferentes perspectivas do Mundo, com os seus locais de origem, numa espécie de tertúlia silente, de onde derivam ecos inspiradores que apontam renovados caminhos na acepção dos verbos. Que sirvam estes futuros textos, a exemplo dos já publicados, para despertar a reeducação das coisas e nos desprender da nossa correspondência com tudo o que soa a efémero e circunscrito aos interesses de curto alcance, porquanto sem vida autónoma. Estaremos, então, a criar pontes de compreensão a partir de reflexões em fins de tardes de riqueza não palpável, soprem os ventos que soprarem.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

PROTELAR SEM ESMORECER

Porque, nas relações interpessoais e profissionais, nos vemos muito frequentemente perante o conflito de aceitar ou rejeitar determinada proposta vinda de fora, devemos procurar aprender a saber prescindir das nossas próprias perspectivas. Quando é mais importante «dar o braço a torcer», que radicalizar uma atitude e impor uma posição nem sempre de acordo com as melhores linhas de conduta. Aliás, tudo o que nasce do exagero não traz boas consequências, pelo que não é através de um comportamento radical que se formam as estruturas de relacionamento individuais ou colectivas. Confrontados com atitudes que excedem a compreensão equilibrada das diferentes situações, restam-nos duas reacções: intervir, na autoridade consignada pela hierarquia, de um modo oportuno e eficiente, ou procurar levar as partes envolvidas ao posterior entendimento dos motivos geradores deste ou daquele conflito. Melhor será mesmo dar tempo para que os contendores reflictam e procedam à reparação dos problemas por sua livre iniciativa. Nesse sentido, será preferível considerar outro tempo futuro para a resolução definitiva de um problema, não importa a amplitude do mesmo. Pior será esmorecer, deixando de sujeitar os resultados à avaliação dos mais directos intervenientes, facto que traz muito mais vantagens, ainda que em contra-ciclo face ao decurso do tempo. Numa perspectiva mais pedagógica, dar tempo pode ser até a «solução» mais adequada. Claro, se todos acordarem refazer o seu empenho em favor da melhoria dos resultados finais.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O CONTRIBUTO NA HORA CERTA

Surpreendidos por uma fase muito crítica, no que à economia diz respeito, assaltados pela brusca perda de poder de compra, somos em crer não ter existido suficiente prudência para precaver os sobressaltos ora muito preocupantes. Parece, inclusivamente, não ter havido suficiente e consciente preparação dos que hoje se apresentam como especialistas nesta área de actuação. E que dizer de opções políticas extremamente duvidosas antes tomadas a contento de regimes orientados por normas de governação perniciosas, criando noções erradas de democracia e afastando progressivamente os cidadãos dos campos de intervenção fundamentais da vida comunitária. Uma fase já muito crítica das nossas relações como pessoas, com atitudes a roçar a descortesia, que impedem a melhor abertura nas trocas de diálogo. Momentos a exigir mais acerto e ponderação, em ordem a revelar aquelas competências interpessoais há muito desusadas, como uma boa conversa sem as pressas rotinadas de gente aflita com agendas de compromissos esvaziados em horas mortas. Saber estar presente na hora certa, com a afirmação certa, definido o dia certo para contribuir com uma garantia de fidelidade e certeza num valor acordado, pode transformar o rumo da vida de uma pessoa. Estes acontecimentos também podem funcionar como alertas à nossa própria condição de vulnerabilidade, pois sujeitos como todos aos desgastes que os tempos provocam.

sábado, 24 de janeiro de 2009

SINAIS DE CORAGEM

Simples gestos e atitudes reflectidas podem resultar em benefício individual e colectivo, se, em vez das frequentes hesitações condicionantes do necessário rigor e audácia, também formos capazes de agir com sinais de afoiteza e empenho. Documentos sucedem a documentos. Não serão mais que papelada amontoada - passe a rima - se não tivermos aquele atrevimento útil e oportuno. A ocasião não sossega os espíritos mais envolvidos, e só mesmo os amorfos, os vagos e coniventes com um sistema de contratos ambíguos podem esperar melhores proveitos. Pessoais, bem se vê. Apresentam razões dos outros como se fossem suas, avançando com repetidas propostas vindas de quadrantes mais empreendedores, dirigidas a projectos muito mais aliciantes. Fazem eco, nada mais que isso, do que se conta em surdina, desmanchando um colectivismo profícuo e uma lealdade outrora estável. Precisavam, estamos em crer, de algumas lições de dinâmica de grupo - extintas? - para aceitar a bem qualquer proposição ou argumento, mesmo nascido do lado de lá. Não que tenham que cumprir totalmente os termos em que esta ou aquela intenção esteja definida, mas tão somente compreender melhor os raciocínios que conduziram os pares a pensar num determinado sentido. E não é que pode estar aí uma causa explicativa desta fase de descrença em que caímos?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

PROMESSAS DUVIDOSAS

Uma das formas de proceder à entrega de promessas duvidosas é assumir uma qualquer crendice como alicerce das virtualidades substanciais registas no preciso documento. Expondo a tese da colaboração tácita com um sistema entrado na fase não do resumo mas da conclusão, a reclamar um óbito há muito esperado, sempre se vai dizendo que antes participar, ainda que contrariado, que abdicar. Muito concretamente, e no que ao cumprimento de obrigações diz respeito, o sentido de participação desceu ao grau zero, apesar de não parecer. Por outras palavras: nós até vamos participando, sem colaborar; vamos respeitando esta ou aquela ordem de serviço, mas sem questionar os fundamentos subjacentes. Seja assim uma atitude de afirmação pela coacção, que é um dos mais graves defeitos a que estamos sujeitos. Não é que tenhamos de ser coagidos para concretizar as tarefas a nós incumbidas, mas percebemos, nos apelos de obrigação legislatória, que ninguém é mais pago para pensar, senão para agir. E sem ponderar as virtudes e desvantagens de um decreto, de uma circular ou lei. Pesam a nossa presença no meio profissional em função de documentos escritos - inspirados em colagens que já circularam em vários meridianos - e avaliam a integração no grupo pela aceitação passiva de alterações desatascadas e nadas em reuniões de decisões calculadas numa forja fria. Afinal, como quem gere tentativas de desqualificação dos subordinados.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PREPARAR A FESTA

Anunciar a alegria dos outros devia estar acima do reclame da nossa. Acima do resto, quando a festa se destina às crianças e a perpetuar bons momentos passados nos seus tempos escolares. A época é de apreensão e exige dos pais muito controlo nos orçamentos familiares, donde os cuidados a ter quando decidem a participar na alegria comum. Não esquecendo, também, a necessária coordenação das tarefas de intervenção, construção e participação, aos pais cabe importante função no encorajamento dos restantes e a sensibilização dos filhos para criar hábitos de associação regulados pelos interesses do grupo a que pertençam. A ser alimentado desde as mais tenras idades, cada criança deve ser educada no sentido de reconhecer sempre o espírito do grupo em que está inserida. É o sentimento de pertença que faz com que passe a sentir-se mais integrada nas actividades escolares e afins, porquanto perceber quão útil é o seu tempo que dá aos outros. E mesmo que diga sentir-se melhor em casa, o que seria sempre preferível, a ter hesitações nesta opção, também deve compreender que a escola também deve ser um local onde saiba bem estar. Seja pelos proveitos de longo prazo dos momentos de trabalho mais sério, seja pelas vantagens dos tempos de divertimento, é nesse jogo que a criança tem de entrar, percebendo adequadamente as regras definidas para que o mesmo possa persistir sem interrupções e desgastes.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

ASSINAR A PALAVRA

As palavras ditas têm muita importância num contexto de franqueza e abertura de espírito. Valem o que valem, dirão alguns. Valem muito, devíamos todos considerar, assumindo a justeza das nossas afirmações e a clareza dos argumentos aduzidos. Resta lembrar a estima há muito dada ao que se dizia entre quem tinha connosco uma grande relação de proximidade. Num mundo cada vez mais globalizado, são de registar afastamentos progressivos entre as pessoas, ora por convencimento fútil nas tecnologias, ora pela forma agressiva como encaram a realidade e as obrigações, mormente as relativas à actividade profissional. E deixamos uma conversa, das de olhos nos olhos, para depois, porque podemos fazer aquela chamada que até nem custa muito. E, mesmo que esqueçamos a necessidade de repouso dos outros, preferimos perturbar uma viagem, uma refeição ou um silêncio, porque assim decidimos e porque não houve outra oportunidade. Lamentos ocos, sensaborãos. A nossa voz tem realismo e pulsação, e olha o som que vem de fora para encontrar a resposta no tom certo. A palavra pronunciada nunca dever ser ignorada, mas de pouco vale enquanto não passar à forma escrita e ratificada. No tempo em que falar servia como melhor testemunho capaz de regular o entendimento entre pessoas que se relacionavam sob princípios de mútua boa-fé. Pois: sacrificámos quase tudo por ela.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

ACREDITAR NA MUDANÇA

Comprometer uma comunidade restrita em desafios sociais já é, de si, uma obra de monta, sobretudo no momento em que verificamos a utilidade e a importância dos projectos em curso. Agora, quando essa comunidade está propagada pelo mundo inteiro, apostar na transformação global é uma faina de grande pulso, só para verdadeiros líderes e homens de coragem ímpar. Proclamar uma vitória pessoal nem é algo que se estranhe, tratando-se de uma figura de nomeada, mas definir metas de alcance quase universal e levar na sua moral de vitória milhões pelo mundo fora, é, logo à partida, um aporte inefável de segurança e, mais que tudo, de esperança. É isso que o mundo procura, há muito tempo e em lugares perdidos nas poeiras desfeitas do imemorial. A troco de queremos pacificar as horas perturbantes que passamos dia-a-dia, todos precisamos acreditar numa mudança que seja realmente potenciadora de sempre inovadores aperfeiçoamentos, e geradora de bem-estar e equilíbrio. A história lá nos reserva sinais que nos ensinam a estar em permanente atenção com o mundo, como é o caso da cerimónia que marcou este dia. Não mais que uma data para lembrar nos anais da política, num compromisso com uma geração que reclama novos movimentos em favor de justas e imperiosas correcções. Cinco dias depois de se completarem oitenta anos do nascimento de um dos mais célebres activistas dos direitos humanos, que sirva a lembrança para nunca, mas mesmo nunca, deixar cair no esquecimento dos homens do futuro a importância de saber resistir sempre. Os que nasceram para consubstanciar os desígnios de milhares ou milhões, são os que mais radicalmente souberam defender os valores da vida; os que mais intemporalmente defenderam os valores eternos e que vivem para sempre, como eles.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

CONTRA QUEM NÃO CONTA


Bem gostaríamos de estar longe dos agourentos olhares enrouquecidos por gritarias esganiçadas, que a estoicamente permanecer coarctado pelos vícios por elas incutidos. Já de tradições feitas no espaço que gerem, lá surgem em arrogâncias mesquinhas e encobertas de comportamentos ricos de autoritarites rançosas e bafientas. Como certos assentos, afinal, que não vêem descanso, por não verem forma como sacudir o peso de horas e horas de trabalho, ou de conversas comprometidas por silêncios abusivos. Não podem, desta forma, as boas relações profissionais prosseguir em sentido positivo, porquanto contributos para abalar comportamentos que se pretendem exemplares. E tudo começa pela total ausência de empatia, revelada numa presença mais ameaçadora que delicada. Entre adultos, tudo o que roçar a infantilidade deve ser banido, pela reflexão e ponderado diálogo. Quando em falta, praticamente ninguém directamente envolvido sai ileso. Numa visão racional, nem são tanto as pessoas que perdem, afastadas de uma ou outra maneira, mas sim as instituições, arrastando consigo a gestão das actividades correntes. O próprio governo dos restantes elementos sujeitos às ordens do director ou presidente sofrem. Sofrem pela perda do sentido democrático inerente às organizações; sofrem pela falta de coerência entre a palavra regulamentada e a executada; sofrem pela insegurança daí derivada. Um líder que se pretende de excelência, não pode reagir emocionalmente, mas agir em serenidade e bonança, como valores de favorecimento de conjunto.

domingo, 18 de janeiro de 2009

DA FRAQUEZA OCULTA

As notícias vão-nos trazendo tristezas à saciedade. Os programas de entretenimento, quando o são na essência, deslocam-nos dessa realidade em que parece ainda não termos entrado. Ficamos perplexos com a rapidez com que os acontecimentos sucedem, e emudecemos porque não conseguimos dar respostas que satisfaçam as maiores dúvidas. Quanto à comunicação social, já nos afadigam as lamúrias de praticamente todos os sectores sociais e económicos, e as famílias vivem cenários ainda há bem pouco tempo inimaginados. Agora que a surpresa incómoda e muito desagradável de instalou, não se sabe bem por quanto tempo, reflectimos seriamente nas soluções a dar a um problema profundo. Fecham-se as portas da vida de pessoas que vemos de ambições já perdidas, uma vez sumidas as esperanças em ter um futuro melhor. E tanta vida construída em tanto sacrifício entregue a horas vivas de crença... Por documentos que substituam a realidade triste por uma fantasia que adia a solução, sem a resolver, damos a nossa palavra em troca de um punhado de arroz ou um litro de azeite, conforme relatava a reportagem da revista. E os filhos? Que crenças lhes ensinar, quando as que tínhamos se esfumaram na volúpia de uma estrutura financeira desarticulada dos tempos? Porque não é momento de refazer fantasias, empenhemos o melhor da nossa vida na plena reformulação da sintaxe dos valores relacionais, em ordem a porfiar um equilíbrio perdido.

sábado, 17 de janeiro de 2009

CONGREGAR A IDEOLOGIA

Em alturas de concerto de orientações para alinhar rumos num mesmo sentido, ganham especial importância dos momentos de reflexão em grupo. Esclarecimentos que sucedem a elucidações, umas mais clara que outras, para toma de de decisões em tempos que urgem e reclamam continuadamente a intervenção activa de todos. A necessária pausa não pode nem deve servir para a julgarmos inoportuna, e muito menos para nos afastarmos das motivações nascentes deste ou daquele movimento. É demasiado importante auscultar as propostas dos pares ou dos co-associados, quando se trata de implementar determinado projecto ou, de forma mais simplificada, tomar uma decisão de curto prazo. Mesmo nesses casos, recusar a mediação dos outros é correr um risco desnecessário, porque perigoso. Um líder deve estar sempre alerta para solicitar a pronta participação dos restantes membros de uma organização, evitando reuniões sobre reuniões, sob pena de tal estratégia de trabalho poder vir a tornar-se saturante e vazia de sentido, por ser repetitiva. Quem coordena os destinos de uma agremiação, seja de ordem cultural, pedagógica ou até política, também carece de imaginação para manter em firmeza de razões os seus pares. Não daquela firmeza impertinente e destemperada, que uma certa geração de políticos nos faz desacreditar, mas moldada por valores de equilíbrio e sensatez. Por serem mais raras, têm muito mais valor.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

REUNIR PARA CONCERTAR

A necessidade de reunião deve ser mesmo uma das mais antigas, ou não fôssemos animais de hábitos. Uns mais repassados que outros, a nós nos cabe ir perpetuando costumes e alongando a teia de formalidades a que nos vemos presos. Depois da necessidade de comunicar, a de reunir deve mesmo ter nascido imediatamente após. Para definir estratégias de sobrevivência, supomos, conquanto decisivas para manter inviolável o espírito do clã ou tribo. Nos dias que vão correndo, entre reuniões a mais - e nunca a menos - fazem-se promessas e lançam-se garantias de (r)estabelecimento de uma ordem perdida nos meandros de outras reuniões anteriores, e que fazem de nós profissionais do ler, do agendar, do sentar e do discutir os assuntos que, se estivéssemos mais aptos a apurar a nossa autonomia, dispensavam tanta agenda repleta de horas de reuniões. Precisamos delas, naturalmente, quando a utilidade ultrapassa o incómodo. Mas o que se passa não é bem assim. Não raro verificamos existir mais o contrário, com vozearias sobre outras vozes de pessoas que se querem fazer ouvir. E tudo pela importância que julgamos que nos dão: gostamos de estar no centro das atenções, porque os olhares dos outros, se não reprovam, entendem o que dizemos. E as decisões, que se ponderam em minutos breves, quando o cansaço tomou já conta dos intervenientes? Estarão à altura dos motivos da reunião? Dúvidas, sim, para aferir o nosso grau de intervenção nas mesmas, progressivamente relativizado por uma certa atitude de liderança impertinente, coerciva e autoritária, no pior sentido do termo. Muito mais longe estamos de nos sentirmos cativados a participar com gosto.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

SILÊNCIOS COMPROMETIDOS

Uma pausa no ritmo afanoso do quotidiano, para ouvirmos os silêncios que brotam de dentro, por ser raro, tem mais valor. Um ouro que as pessoas insistem continuadamente em desperdiçar, julgando recolher dessa perda um outro bem mais imediato. Sem saber exactamente qual, persistem em despertar nos outros as palavras que gastam sem sentido, quando poderiam recolher-se, a bem, no seu mundo de emudecimentos. Sempre preferível, a ter que ser representado pelos outros em sentenças comprometidas. Eles, os que se apressam a fugir às explicações de lisura e polimento, preferem a mudez cheia de desconfiança, e mantêm-se bem fechados num espaço criado por conveniência. Enclausurados nessa espécie de meditação há muito prevista, não fosse por um espírito de ganancioso proveito próprio, reagem a medo quando solicitados a pronunciar-se sobre este ou aquele tema. Calam-se, porque reflectir é incómodo. E dão a entender que o ser humano não tem nem pode ter opinião. Aí, na ocasião em que tal sucede, já morreram para as ideias; para os valores; para os outros. Isto porque julgam que, naquele espaço meio vazio que é a fantasia egoísta do seu cérebro, está garantida a substituibilidade. Acham-se únicos, portanto. Já são mais matéria que sentido. No plano material é que devemos aprioristicamente falar em substituição, tão de contrário ao humano, pois que ninguém é a repetição de uma entidade que existe no outro, nem se deve arrogar verdadeiro representante das capacidades críticas vizinhas.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

COOPERAR NÃO É PERDER

Incomodam-nos as pessoas que resolvem cruzar decisões disfarçadas e tomar atitudes sem respeito para com os pares. Perdido o sentido da colegialidade, trocam documentos à socapa e telefonam amiúde para trabalhar uma imagem de agrado e consensualidade. Para os mais distraídos, são estas as pessoas mais empenhadas e colaborativas, enquanto quem se entrega às tarefas diárias, dentro de uma razão comedida e perfilado em parâmetros de serenidade, parece ficar ultrapassado. São inúmeras as pessoas que funcionam assim, comandadas por um saber-estar feito de estranhezas e princípios esquivos de relacionamento. Que mudaram de ideias; que agora vêem o problema de forma diferente; que foram aconselhadas a rumar noutra direcção; que..., tudo desculpas de mau agir. Tantas vezes instados a cooperar de forma edificante, surpreende a maneira como encaram a própria relação profissional, recorrendo a estratégias pouco dignas. São estas pessoas que se servem de expedientes para conduzir os seus próprios interesses num sentido de proveito restrito, falando muito em privado com as fontes de decisão bem colocadas. Trabalhar em conjunto requer nova aprendizagem, porquanto perdidos valores tidos como universais: lealdade; tolerância; companheirismo; entreajuda; o bom clima de trabalho; o espaço partilhado; a empatia. Tudo parece ter desaparecido. Primeiro, nessas pessoas; depois, nas que decidiram sempre dar muito mais de si, mas que persistem em ser arrastadas pela ânsia dos que querem chegar primeiro a uma zona onde, afortunadamente, as horas são iguais em todos.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

REFLECTIR PARA AGIR

Semanas após semanas, em ocupações que sucedem a trabalhos de maior ou menor monta, pouco tempo sobra para dar tempo ao tempo. Seja: não damos mais da nossa disponibilidade para pensar em nós mesmos, como elementos cruciais no tecido da cidadania, porque não nos empenhamos em considerar a montagem de raciocínios, como método capaz de materializar projectos realizáveis. Reformulamos planificações, a contento de um descuido, de um desleixo ou de uma falta de prática, dada a escassez de tempo para também investirmos mais na aprendizagem. Somos mais capazes de nos aproximarmos de um monitor de cores muito apelativas, mas de conteúdos secos, e trocamos mais rapidamente umas horas de um sono verdadeiro e retemperador por um programa televisivo de conversa oca e improcedente, mas bem paga para quem ocupa as horas dos outros em futilidades. E porque queremos fugir delas, empenhemo-nos em alicerçar o espírito com orientações irrepreensíveis e de maior agilidade, conquanto fundamentais para a condução da ordem social futura. Se, ainda hoje, a base do pensamento social que nos rege acompanha é de tempos imemoriais, porque não apostar em formar, também agora, um pensamento novo progressivamente centrado nas capacidades do ser humano e crente nas potencialidades naturais de cada um, sempre numa base de sincera e aberta confiança nas gerações vindouras?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

RECTIFICAR A MUDANÇA

Depois de uns dias de reflexão sobre as grandes variações estratégicas em matéria de educação geral; depois de uns quantos debates sobre as transfigurações legislativas, em que praticamente ninguém reconhece virtudes; depois de passagens e passagens sobre inúmeras leituras; depois de tanta baralhação improdutiva, uma inflexão no rumo antes tomado. Porque só não muda quem não acha que deve mudar, assim como o carril, é chegado o momento de trocar uma linha por outra, mais promissora e capaz de por mais à prova pessoas com competências para revelar as verdadeiras qualidades relacionais. Mesmo sobre uma vastidão de papéis, acumulados pelos saberes de gabinete que fecham portas ao calor humano para que o artificial não se suma, quem for capaz de, honestamente, ajustar os pratos da balança de forma leal e séria, apareça. O tempo não é de tréguas. Ora, se quem entende mais das coisas que outros não conseguem, procure agora demonstrar os dotes de líder e de responsável por trabalhos coordenativos. Chega das hipocrisias de não mostrar o que se não é e de chamuscar numa fogueira de comportamentos vergonhosos colegas que agem sem segundas intenções. Que mude, em primeiro lugar, quem mais quer que a mudança se faça, para que depois possa reclamar o mesmo nos subordinados, mais cumpridores e submissos.

domingo, 11 de janeiro de 2009

PENSAR NUM PAÍS

Investir parte dos nossos tempos de domingo no convívio dos outros, ou no aconchego familiar, não pode ser à toa. Uma leitura enriquecedora promove a blindagem do espírito e prepara-o para a semana que se avizinha. Darmo-nos às reflexões das notícias apresentadas também pode ser um exercício de melhoria das nossas capacidades cognitivas. Pena é que seja triste pensar num país, já pouco dado à revelação de ideias realmente inovadoras e originais. Pior, mas muito pior, é pensar num país que pensa que pensa, a avaliar pelas figuras que nos surgem diariamente em sorrisos de bem-parecer, mas de muito pobre-ser. Sim, empobrecemos cada vez mais, se nos deixarmos levar pela monotonia do uso de instrumentos que quase substituem as nossas funções vitais. Se a maior riqueza que temos resulta na estruturação do conhecimento, que progride ao longo de toda a vida, contrariamente às capacidades físicas, porque não arremeter ainda mais na consolidação do volume de saberes? Não estamos experimentados para aceitar o desafio de pensar, ou porque desgastar o cérebro é coisa de antigamente, ou porque os modelos que os sistemas actuais de ensino incutem menos autonomia e mais tecnologia. Tudo muito ao contrário, quando, assumamos, devíamos apostar bem mais no desenvolvimento das capacidades individuais, com a memória e o raciocínio abstracto. Se fazemos é porque somos obrigados, e se pensamos é porque nem temos mais que fazer, dirão. Um vício, dirão ainda, de quem só quer matar a cabeça com trabalhos desnecessários ao bom desempenho, como se ele dependesse sobretudo do que é alheio ao homem…

sábado, 10 de janeiro de 2009

PLANTAR A ESPERANÇA


O significado de alguns gestos deve encher-nos de orgulho próprio, não obstante, de tão naturais e repetidos, soem a trivialidades inconsequentes. Plantar uma árvore é definir algumas garantias de futuro, porquanto querermos como certa uma promessa de enraizamento em boa hora, na ocasião de ser assestada à terra. Olhar a raiz que se esconde no calor húmido da fertilidade dos segredos, faz-nos sentir mais capazes e mais crentes na criação de terrenos de prosperidade, passe a metáfora. Acreditar que, dos pâmpanos moles da estação, pode dilatar-se uma flor, e da flor um fruto, é agigantar em nós a revelação das garantias de crescimento de que necessitamos. Uma árvore ensina, portanto, a respeitar a nossa condição humana, nos cuidados de plantação, de rega e poda. É que, vendo-a crescer em viço, revemo-nos na força que se dispõe na dádiva plena de seiva aos outros. Não da seiva branca, leitosa e alabastrina, mas de um sangue de entrega e de transmissão de saberes. Quem deita uma planta à terra, porque quer fazer deste acto uma história superior à sua, sopra na raiz o lado mais eterno da sua alma, para que não morra, não seque, não murche.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

ADIAR COMPROMISSOS

Uma forma de adiar compromissos sem causar transtornos é programar bem todas as actividades em que a pessoa se vê envolvida. Mas com alguma folga, de maneira a deixar margem de falibilidade na agenda pessoal e colectiva. O melhor é mesmo não protelar a marcação de um afazer, sob pena de não se poderem encontrar novas ordens de contacto futuro. Outrossim, o mais grave é estarmos sujeitos aos compromissos marcados pelos outros, de forma unilateral, como se não tivéssemos outras tarefas a realizar. Um hábito cada vez mais em voga, impor a presença de um profissional num local divergente ao que habitualmente frequenta, para tratar de assuntos de que nem sempre se conhece o teor. Custará muito pouco trocar umas impressões acerca do assunto a abordar numa reunião, quando ambas as partes se mostram abertas à melhor resolução de uma questão que preocupa não um representante de uma colectividade, mas um conjunto muito mais vasto de pessoas com interesses comuns. Lutar pelo sucesso colectivo é de suma responsabilidade e requer o necessário tacto para conglomerar os intervenientes em plataformas sérias de entendimento mútuo, mesmo que as perspectivas de interpretação possam diferir.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

DIRECTO À FALA

Mais que saber falar, próprio do nível cultural de uma pessoa, parece ser mais importante saber quando falar. E em que circunstâncias fazê-lo. Não raro de juízos deturpados, pelo arrastar de impressões levianas acerca desta ou daquela pessoa, somos levados a crer que muita saliva antes gasta poderia ter sido poupada se o diálogo tivesse efectivamente existido. Nada melhor que promover a conversação entre as pessoas mais directamente implicadas na resolução de um qualquer assunto, pois só assim ambos tomam consciências da dimensão do problema gerado. Caso esta iniciativa não exista, preferindo tê-la por interpostos agentes, rompe-se a lisura de atitudes e perde-se clareza na exposição e dificulta-se o processo resolutivo. É que um dos interlocutores pode concluir, com alguma margem de razão, que caberá ao outro a solução do caso. Quando unilateral, só mesmo a mediação para dar cobro aos ruídos existentes. O pior é quando a mediação foi logo à partida julgada como a melhor forma de dar desfecho a determinada dificuldade. Alimenta-se uma perda improdutiva de tempo e esvai-se a disponibilidade emotiva e racional no encontro de uma solução o mais equilibrada possível. Para evitar insistir nestes procedimentos, o mais acertado e prudente é abrir total disponibilidade para debater educadamente as origens da dúvida e encaminhar o processo no sentido de ir ao encontro do rumo mais adequado ao debelar do problema. Palavra por demais repetida, por haver pessoas a porfiar mais como parte do problema em vez de se afirmarem parte da solução.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

HORAS NOVAS

Uma nova etapa não tem necessariamente que estar sujeita a qualquer mudança de fundo, como é o caso dos horários. Sabemos que se torna difícil gerir os diferentes tempos de trabalho e os interesses do capital humano de uma empresa, tão diversos que são. Pede-se, tão simplesmente, que as pessoas sejam ouvidas, sempre que uma alteração profunda implique reformulação das rotinas. Temos inculcados os espaços de funcionamento das actividades e as horas de comparência noutras iniciativas que se estendem para lá da realidade diária de trabalho. O que se estranha é o facto de se fazerem transformações nas agendas pessoais a contento de preocupações imediatas e de vistas curtas, porquanto derivarem de impressões dadas fortuitamente numa daquelas reflexões muito inspiradas de vão de escada. Das que quase todos os dias irrompem de umas inteligências manobradas por influências paralelas que, subrepticiamente, continuam a controlar as decisões das pessoas que apõem rúbrica nos documentos que aparecem de corrença. Sujeitos a desmandos momentâneos de noção intuída, como encarneirados por um dever animalizado de obediência pastoril, todos nos prostramos perante painéis de recados aprazados e que limitam os tempos mais necessários à formação dos outros. Felizmente, nem todos procedem da mesma forma, ainda que alinhados a toque de erguer ou largar, porque conhecem mais o pastor que o cajado que ostenta.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

MANIFESTAR O SER

Testemunhar a nossa forma de ser e estar é um dos desafios mais exigentes nos tempos em que vivemos. Ouvimos comentários a propósito desta ou daquela pessoa, cujo comportamento logo nos apressamos a censurar, e ajuizamos praticamente tudo o que lemos e vemos. Somos algo disfarçados, pois nem sempre assumimos as palavras ditas como efectivamente nossas, muito menos os reparos meio clandestinos acerca da postura e jeito dos pares. Receamos abrir completamente o átrio da nossa personalidade, porque nos escondemos por trás da ideia de que quando tal acontece tudo resulta em prejuízo nosso. Não queremos interferências nem aceitamos mediações, conquanto lesivas do nosso mundo. Esquecemos, portanto, que se o abríssemos mais aos outros, tínhamos mais razões para tal exigir deles. Dos mesmos que se acomodam nos silêncios suspeitos e comprometidos, incapazes de dar uma opinião em público, sempre receando as reacções estranhas. De tal modo previsíveis, são pessoas nunca trabalhadas para aproximar, para cativar, para saber receber, senão para semear à sua volta um joio que extenua e aprofunda o alongamento das distâncias. Será pela existência de um super-ego muito forte, insistem em afirmar certos livros, que impede a revelação dos sentimentos e opiniões. Podem os livros ter mais razão que as próprias pessoas que os lêem e interpretam a seu critério? De certa maneira, deixar que se esconda parte de nós aos outros é admitir que há um lado escuro, muito pardacento, que se dissimula num riso falso e deixa perceber comportamentos adulterados em espaços perdidos da consciência, quando existe.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

reENTRAR NO RITMO

Após algum tempo de paragem, custa um pouco retomar os trabalhos antes iniciados. Faltará, até, a cadência do sono a que estávamos habituados e o ritmo de execução das por demais repetidas azáfamas. Temos de reentrar gradualmente nos programas de realização das funções ocupadas, principalmente para não causar choques inusitados aos nossos dependentes. Admitir ideias como esta nem será penoso, mormente para quem acredita em valores como a tolerância e a entreajuda faseada no tempo. Mas custa reconhecer em certas pessoas a vertigem com que se assumem administradores das vontades do grupo a que pertencem, pelo facto de apenas viverem para as tarefas de chefia a que os incumbiram. Como dominadores que são, não ajustam as suas exigências ao pessoal que lhes está adstrito, e nem sequer param para reflectir nos processos de optimização do trabalho, por exemplo. Porque o que há a fazer não se compadece com perda de tempo, ou com mesquinhas e inoportunas reflexões, pensam... Acham que reiniciar qualquer trabalho é simples e não necessita de nova adaptação aos contextos entretanto formados. Têm vidas de exclusividade entregues à causa do trabalho, assim mesmo, e entendem que todos se devem comportar como se assim vivessem: sem outras aptidões nem obrigações de ordem afectiva ou social. Pessoas de sentidos lentos, que só olham em frente e avaliam porque sim as regras de relacionamento. Terão alguma estrela que brilhe?

domingo, 4 de janeiro de 2009

ESTRELAS DE ESCOLHA


Para lá da rapidez com que os dias se revezam - já os primeiros deram, num ápice brusco, lugar a outros - é a violência com que as notícias do trânsito das coisas do mundo nos chegam na placidez do nosso lar. O que vem estragar a nossa paz, de maneira vertiginosa, nem parece ser tanto a perturbação trazida pelas imagens penosas e sangrentas, dadas na crueza da falta de edição, mas antes o desfalecimento das estrelas que nos iluminam. Sendo guias na nossa vida, precisamos delas para manter luzente o rumo a seguir na direcção dos nossos anseios. Porque temos sonhos, somos seres de criação e avaliamos os factos observados - ninguém pode ser chamado à neutralidade - alimentamos projectos e sustentamos desígnios com que nos identificamos, lidos nas páginas ilustres de raciocínios convincentes ou na fé dos astros. Num ou noutro campo, a sabedoria aí está à nossa espera para nos afirmarmos nas promessas entretanto estabelecidas nesta fase introdutória do ano. Olhadas as estrelas, em busca das evidências há muito procuradas, ficam-nos os caminhos a seguir, como respostas sossegadoras das nossas ansiedades perturbadoras. Quantas e quais seguir, num mundo em que a apoquentação e o delírio tomaram, de há muito, conta dos nossos itinerários. Temos escolhas a fazer. As primeiras e mais importantes moram bem dentro de nós, chamem-lhe certezas ou fantasias.

sábado, 3 de janeiro de 2009

AJUSTAR COMPROMISSOS

Pensamos que é pelo diálogo que as apostas podem sem concertadas, e que, as feitas connosco mesmos, chegam ao sucesso na persistência e abnegação corrigidas. Encarar de forma decidida e imaginativa os desafios lançados para este ano é o feito mais distinto a que nos podemos lançar por inteiro. Ponhamos as mãos cheias nas matérias que dependem de nós directamente, mesmo que aparentem pústula e imundície. Se nos virem entregar a alma aos novos projectos, não nos julguem arrebatados pelas ilusões crescentes nas coisas que fazemos. Afinal de contas, elas precisam da nossa entrega firme e resoluta, porque está em jogo o sentido de realização; o empenho pessoal e cooperativo; o investimento material e humano; a competência concretizadora; o domínio de técnicas de realização ao serviço de iniciativas comuns. Sendo necessário refazer as linhas de acção, há que convocar todos os elementos para ajustar as agulhas no novo rumo a tomar. E porque o começo de um ano depende dos acertos reflectidos e ponderados, para evitar maiores e complicadas vicissitudes, há que estar sempre alerta para intuir o melhor momento em que seja mais útil parar para formalizar as devidas adaptações dos ritmos a que iremos ficar sujeitos. E sem depender muito dos ciclos lunares.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

DESPERTAR PARA O QUE É NOVO

Ainda mal o ano começou e já estamos de fim-de-semana. O primeiro do ano. Não haverá outros dias como estes. Nunca. Pode parecer tudo muito igual, mas nada se repete linearmente. Temos de estar sempre despertos para as coisas novas de todos os dias, ainda que as tarefas não nos deixem muitos tempos de sobra para isso. Precisamos de descobrir o que se nos surge de novo, como fonte de pedagogia constante. Ver o que é irrepetível é compreender que também nós o somos, porque únicos. O que nunca foi usado requer outra relação. Tanto os dias como os objectos, ou, em posição extrema, os sentimentos coisificados, reclamam a nossa sempre alerta atenção, conquanto aprendizes das realidades. Se a quisermos entender na plenitude, então o melhor é ter os sentidos em permanente vigilância, no esforço de captar as evidências que as circunstâncias quotidianas nos vão fornecendo. A educação da nossa sensibilidade apura-se por tentativas, limando aqui e ali o que estiver a mais na inteligibilidade do que é exterior a nós. A leitura pode muito bem favorecer essa evolução, se estivermos bem identificados com os temas escolhidos. Abrir um livro bem pode ser como abrir uma porta para o conhecimento de nós mesmos, depois alargado aos outros. Despertar para as novidades é fundamental como forma de estimular os juízos, considerações e pensamentos. E é por demais aliciante, para que possamos ignorar o que decorre à nossa volta. O ritmo dado ao início de cada projecto pode fazer depender o seu sucesso, e não estar avisado pode hipotecar a agenda de apostas que, em absoluto, fizemos. Mesmo em segredo.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

VIDA NOVA


O que mais se espera, ao entrarmos num ano novo, é que ele possa trazer vida nova. Por isso damos particular importância aos primeiros gestos e palavras dos primeiros minutos, porque eivados de significado inaudito. Temos tudo a avaliar aquando os começos: as pessoas; a festa; a meteorologia - convidativa ao recolhimento; o espumante ingerido; a viagem feita ou a fazer; o primeiro jogo feito - o resultado pode ser já o maior sinal do ano; as visitas, mais ou menos inesperadas - em jeito de nos abrirmos a surpresas; as prendas que não se abriram nos dias anteriores - mistérios entrados no ano novo para manter o assombro do que está para lá do papel de embrulho; ... Situações que servem de lição para mais um lote de 365 dias que se pretendem ricos em experiências. Ou serão mais uma fase do ensaio eterno que é a própria existência, até um dia estarmos prontos para a actuação final, perante uma assistência convidada para a nossa festa - a nossa última representação. Um ano de novas lutas e desafios autênticos, entre pessoas que os percebam pelo que efectivamente são, e não tanto pelo que podem vir a implicar nas suas restritas vidas. Quem as tem assim, limitadas e sem horizontes, porque mandam o que lhes mandam, pode até ver aquém dos que as leis fazem, mas revelam seu pensar curto na relação com os demais. Assim o ano pode ter entrado, mas não o novo, porque as pessoas permanecem numa imutabilidade repisada que entristece. Construamos ideias renovadas e digamo-las com palavras simples, em trocas abertas e livres de outras intenções que não as da concórdia e entreajuda. Bons começos a todos!