sábado, 8 de novembro de 2008

LER PARA CRESCER

O que pensam os outros de mim? O que faço aqui? Onde acho que os outros sentem que eu sou preciso? Perguntas antigas para desafios novos, a que custa responder com coerência e rectidão. A leitura de livros favorece o crescimento da nossa personalidade, mas a leitura dos dias consolida muito a nossa maturidade. E é dela que precisamos para atingir em cheio o alvo das questões no início formuladas. O que os livros contam é fundamental para prever os caminhos do mundo, já que aos escritores cabe fundar ficções ou realidades mais ou menos apelativas, como criadores de conhecimento, sonhos e histórias. O contributo que dão é muito importante, no esforço de perpetuar o imaginário de gerações, moldadas de acordo com as variantes culturais e sócio-económicas vigentes. Mas no que devemos mais investir é na criação de mundos verdadeiramente autónomos, guiados pelos valores familiares e escolares, como estruturadores do crescimento equilibrado que se pretende. Se ler não servir para alicerçar a nossa maturidade, é mesmo preferível nunca tirar o pó da estante.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

LER É CONSTRUIR

O prazer de ler nem sempre é consentâneo com a necessidade de aprender. Não faz mal assumir que um óptimo leitor pode muito bem aprender por si, qualidade que determinados escritores têm à saciedadede. Ler implica mobilizar o previamente mobilizável, de forma sempre diferente e audaciosa. Nesse sentido, qualquer acto de leitura é, per si, um acto subversivo, na medida em que nos impele a reformular o adquirido, ora de maneira equilibrada, ora através de rupturas mais ou menos conciliáveis. E é exactamente entre os equilíbrios e as rupturas que se vai consolidando a nossa personalidade, moldada pelas escolhas conscientemente aceites, na defesa dos nossos interesses e na conquista da esperada promoção social. Aceitar o desafio da leitura de um bom livro é um acto de crescimento são, ainda que a mensagem possa parecer desgastante, fastidiosa e rotineira. Temos de deixar que as palavras lidas façam em nós um efeito qualquer. Até mesmo incómodo, porque também as idades que vamos tendo servem para nos desinstalar do que já conhecemos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

FEITOS NUM 8

Ninguém há-de tremer numa batalha, se o chefe do pelotão encorajar e alimentar a força de união. Mas quem manda não estimula. Exorta sem fundamentos de rigor prático, porque mergulhado na cegueira política. Estes tempos são de apreensão e dúvida. Muito pedem aos aos professores deste País que ganhem ânimo, para suportar afrontas diárias. Indisciplina, porque há poucos exemplos reveladores da diferença, parecem tornar os alunos mais iguais uns aos outros - repetentes na leitura vazia da realidade, porque, também aí, os bons exemplos rareiam... Restam regulamentos internos - os verdadeiros manuais de cidadania - para descobrir em não se sabe quantos sumários de teoria e saturação. E as famílias ultrapassadas, quiçá, pelas metas impostas pelas escolas, muito numéricas e fixistas. E a desumanização das relações a alastrar como fogo em mato crespo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

SUSPENSOS EM NÚMEROS

Porque será que os números têm sobre nós uma força tão estranha, que, semanas após semanas, nos ativeram suspensos a resultados praticamente previsíveis? Falo das eleições norte-americanas, que mobilizaram meio mundo para chegar a uma conclusão por demais conhecida. Pelo menos eu, já a conhecia, por via do rotativismo político na nação dominadora. Depois de percebermos os fracassos de gestão das políticas do presidente cessante, e de atingirmos níveis de insatisfação há muito arredados, só restava a possibilidade de mudança. E, num mundo que progressivamente se globaliza, surgiu um líder capaz de concitar as esperanças de muitos milhões de pessoas. A meu ver, foi essa qualidade que fez vencer o novo presidente, porque soube ir ao encontro daquilo que as pessoas mais procuram - segurança.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

TECNOLOGIAS DESVIRTUADAS

O "Magalhães", computador supostamente produzido em Portugal, é a nova panaceia do nosso Ensino. Estaremos a curar uma doença num quase-moribundo leito, de olhos semicerrados e neurónios amolecidos pela palidez das propostas políticas...
Numa era em que se descobrem constantemente novas virtualidades nas novas tecnologias, deixamos de olhar para quem as utiliza e damos muito mais atenção ao que é utilizado. Passámos, portanto, de um tempo em que dávamos destaque e importância ao criador e estamos, sem muitas respostas dignificantes, a priorizar o objecto criado. A nossa vida faz-se de subsituições. Nem nós somos sempre iguais em todos os tempos e lugares. Somos bem capazes de trocar dois minutos de reflexão por uma hora de diversão avulsa, de onde reinventamos histórias e outros níveis a desafiar. Conquistas, diremos, possíveis graças às potencialidades das máquinas. Que nem sempre auxiliam, na verdadeira acepção do termo, mas que subjugam; dominam; domam.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

VOTOS AOS PRÓXIMOS

Mais uma semana que abre com vontade de criar algo novo e único. Farto de ouvir falar nas eleições norte-americanas, amanhã, recolho o meu espírito e penso nos votos a desejar àqueles que estão mais próximos. Esses, não tanto por serem alvos visíveis dos nossos olás, mas por merecerem o continuado auxílio afectivo sincero, é que precisam de inspiração diária para enfrentar as agruras por demais repetidas. Encorajá-los é tarefa nobre e solidária, pois como crescer juntos num mundo cada vez mais afastado dos próprios homens que o ensinam a crescer? Não será assim que melhor se engrandece este espaço comum que habitamos, tecendo linhas sem destino e abrindo caminhos de horizontes breves. Do que queremos mais perto, só as pessoas de bem se aproximam desse ideal perene que acalenta o espírito recomendado às virtudes.

domingo, 2 de novembro de 2008

AINDA A MEMÓRIA

Novas visitas, no dia de hoje, aos locais de encontro connosco e com os outros. Procuramos estar com quem mais nos respeita e nega, por vezes, e aceitamos convites dos que nos têm em conta, pelas boas acções ou pelos erros. Porque temos memória, saímos do nosso mundo e fazemo-nos aos caminhos para encontros com as saudades e distâncias. A nossa vida vale muito mais pelo que fazemos, é há muito sabido, mas também tem enorme importância por aquilo que desejamos. E ter próximo quem de nós mais estima tem, já é maneira de tornar perto cada pessoa viva nas nossas lembranças.