quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

ADEUS A MAIS UM DIA


A despedida do ano de 2008 não é mais que a dispensa de um ano bissexto nas nossas vidas. Estaremos, daqui a quatro anos, a lançar ao céu mais um ano como este. E com as despedidas a serem inteiramente dirigidas ao 366º dia, esse que fez deste ano mais um dos maiores, entre tantos outros de necessário acerto astronómico. Ficaremos mais tristes por ver que mais uma série de meses chegou ao seu termo, ou ficaremos mais cépticos por temer o pior noutra série que já espreita? Procuraremos, de jaez supersticiosa, entrar aos saltinhos, e só com o pé direito, na fé de que essa estranheza de nos mostrarmos crentes num ano melhor impressione a noite e torne mágico o olhar espantado de quem está na festa. Quem pode entra, para esconjurar algum frio e outras tremuras de época, porque «tristezas não pagam dívidas». Quem decide festejar em casa, assiste ao trânsito dos meridianos que trazem as alegrias dos estrangeiros, ou ralha com as estatísticas sempre amargas da circulação. Mais uma surgiu, neste final de ano - Israel. Também aí haverá razão para festejar, quando infelizes são surpreendidos pelo bombardear ominoso de um povo que quer ser dono de razões a que milhões deixam de dar razão. E assistimos, molemente, à dor dos que sofrem num fim de ano que nem foi assim tão diferente em seu curso, porque prometer a diferença é muito mais imediato que garanti-la. Aí reside a hipocrisia dos que detêm o poder, em sistemas políticos afadigados em trabalhar imagens para possessivo consumo televisivo. Os problemas hão-de persistir, enquanto não dermos sinais concretos da metamorfose há tanto desejada. A única e promissora é a do ser humano. Depois, tudo virá por acréscimo. Bom ano a todos!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A MEMÓRIA DOMINA O TEMPO


Uma despedida soa sempre a triste quando, juntos num sentir pesaroso, nos apercebemos da rapidez com que a nossa história se tece; quando as pessoas se aproximam a trocar votos mútuos de coragem e confiança, em momentos em que, mais que com as palavras, reconhecemos no silêncio a transitoriedade da vida. Porque tudo é breve e a nossa presença aos olhos dos outros é curta, que fazer, então, para prolongar a nossa estadia na memória da comunidade? Educá-la. Justamente! Educar a memória é a missão mais edificante que podemos ter enquanto seres produtores de cultura, que passamos modelos de comportamento de geração em geração. Só a memória pode contornar a inevitabilidade do tempo que passa e recuperar o passado, tanto o das recordações agradáveis como o dos remorsos, e pode ser manipulada a nosso contento. Não somos seres habilitados a controlar o matematismo dos segundos que passam, senão pela competência da memória, mediante a qual conseguimos dominar o curso dos dias porque podemos geri-la em sentido retrógrado. O normal seria conformarmo-nos com a infalível sequência de instantes, sempre em trânsito prospectivo, mesmo que não os aceitássemos de maneira mais consentânea com a história. Puxando mais para a frente, ou para cima, consoante os pontos de vista, ao tempo cabe o trabalho de a ele nos submetermos. Inflexível, sabemos, todavia, que o tempo nem tudo consegue subjugar impunemente, pois ainda nos resta a faculdade de reprimir, em breve curso, os andamentos de cada período, servindo-nos da memória como esteio modelador do eixo cronológico a que estamos presos.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

NO PRINCÍPIO DO FIM

Uma semana que começa em alguma calma e sem pressas, nem para pôr em dia tarefas prometidas a realizar neste período de pausa. Se foi dos parcos tempos de descanso, ou se foi da chuva que caiu quase incessante, num dia cinzentão e convidativo a estar bem dentro de casa. Doce fazer nada. Traduzida a expressão, o que resta são folgares de prazer, porque também devemos apreciar a necessidade dos intervalos, como tempos de reposição das nossas energias, tantas e tantas vezes dispendidas em vão, entre pessoas que reclamam esforços no limite das capacidades que temos. Os intervalos são tão importantes quanto os momentos de afã e dedicação aos afazeres agendados, porquanto sermos de recursos nunca eternos. Limitados como humanos que somos, precisamos de interromper o curso frenético das lidas diárias, para nos concentrarmos no que estamos a construir, se bem se mal. Não raro passamos à margem destas reflexões, porque os contextos em que o fazíamos deixaram de existir, estando hoje arredados da espontaneidade que era corrente. Mesmo que procuremos as mesmas pessoas para refazer esse tempo de contacto são, nem conseguimos explicar os motivos de tal vontade nem elas interpretam de igual modo essa pretensão. O pior é mesmo quando essas pessoas desapareceram para sempre dos nossos olhares, deixando-nos o seu silêncio ensinador. Partiram para sempre, sem haver tempo para uma despedida ao jeito antigo das conversas e desafios de raciocínio nascidos nos dias de intervalo que tínhamos.

domingo, 28 de dezembro de 2008

DAR ESTABILIDADE

Reconhecendo, nos tempos que vivemos, maior quantidade de momentos menos felizes, há que saber prolongar a festa que representa estar em família. Num dia como o de hoje, torna-se importante avaliar as palavras que nos chamam à união do lar, como garante de estabilidade e segurança futura. Precisamos de nos sentir integrados num corpo com alma, para que possamos perceber a vida como combinação de origens que dão sentido aos sentidos inatos. Muito do que somos vem connosco, mas precisamos de apurar a crueza do sangue que nos corre, sob pena de o sentir circular sem perceber o benefício de tal fluxo. Ter quem proceda às requeridas explicações, numa perspectiva que vá para lá da meramente técnica, explorada nas aulas, é de extrema utilidade para que percebamos o crescimento como obra de uma transcendência a que nunca teremos acesso. O que daqui se percebe deriva do facto de haver em nós, como fruto de uma tomada de consciência da nossa individualidade, a necessidade de reconhecer os nossos limites, quando chamados à descoberta do que existe para lá de nós. E, se valores como estes não forem incutidos na família, desde muito cedo, o esguardo do território dos outros pode perder-se de forma irrecuperável, com ele desaparecendo o nosso. Num quadro de formação equilibrado e ponderado, só muito dificilmente perdemos o nosso espaço, e até contribuimos para a sua partilha, porque não tememos a satisfação dos outros. E é essa estabilidade que temos de atribuir logo à nascença, como habilitação dada para enfrentar todos os géneros de privações futuras. Quanto mais dermos, mais receberemos, mesmo que fiquemos com a sensação da existência de uma lacuna imperecível que nos acompanhe vida fora.

sábado, 27 de dezembro de 2008

PAUSA NOS HÁBITOS

Veio a calma de que precisamos para pensar em nós mesmos, terminada a clássica pressa de preparar as festas normais. Vemo-nos de repente em sossego interior, até por força do clima, a esperar novos episódios da corrente de celebrações que antecedem a passagem de ano, e percebemos que vale a pena ultrapassar a brevidade de algumas tristezas por outras não menos breves alegrias. Valem umas pelas outras, que a nossa vida não pode ser o sacrifício incessante de perceber as notícias tristes sobre despedimentos e acidentes nas estradas de todos. Não podemos insistir na contradição de entender a vida como ela é e de sonhar com prazeres irreais existentes bem longe da pátria. Também lá há miséria, fomes e desesperos. Se os que temos estão no campo dos impostos, das despesas, dos aumentos dos preços e do agravamento do custo de vida, bem longe de nós persistem flagelos praticamente irreversíveis. Continua o mundo dividido em querer e poder, não se sabendo muito bem a quem compete parar com a hipocrisia reinante, enquanto sofrem milhões com a falta de aplicação dos programas de educação. E temos tempo para pensar em tudo, desde que o nosso mundo não fique muito afectado com as imagens de desgraça e infortúnio. A nossa casa merece todo o descanso que os outros devem dar, e não é qualquer novidade que pode abalar a necessária calma. Pensamos assim, porque até para isso a ventura nos favorece, numa pausa de recuperação de umas energias gastas e outras a consumir nos dias que se seguem.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

DA PRESSA DO USO

Depois do assombro dos embrulhos e das surpresas sem preço, regra do social que a aparência manda, para evitar a preocupação com a nossa materialidade, regressamos ao desaforo da vida normal, já na espera das novas festas que não demoram. Preparamos quase tudo, a contento de prazeres bruscos e de convívios mais ou menos duradouros, enquanto existem. Porque tudo tem um tempo, sendo-nos impossível de o fixar eternamente, do desembrulhar das prendas ao uso já cansado dos brinquedos onde elas vinham, tudo é breve como o rasgar dos papéis que escondem as novidades. E logo assistimos ao encher de sacos de papéis que perderam o mistério de esconder o desconhecido, porque deixaram de encobrir o que não se conhecia. Numa parte. Sabemos sempre metade, é o que é, porque gostamos de dar aos outros apenas uma parte dela. Seja no formato do embrulho, seja no material de que o interior pode ser feito, não abrimos o jogo por completo, para manter o enigma até a hora da nossa decisão. Se pudermos, damos hora para o desfazermos, enquanto donos de uma oferta. Ordem com um tempo breve, também, conquanto conscientes da (in)utilidade dos brindes entregues. Porque tudo é breve e conciso, e sentimos o inevitável da paragem do tempo, procuramos retardar os segundos vivos de alegria em memórias de registo fotográfico. As excelentes não precisam de ficar embrulhadas. As melhores entregam-se sem papel e sem colorações.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

NASCER SEMPRE


Nascer para tudo outra vez, e sempre para as coisas novas de todos os dias. Precisamos de novos contextos facilitadores do acto de nascer para a novidade constante da vida. Reclamamos pensamentos audaciosos e decisões inspiradoras, capazes de nos elevar a outros patamares de descoberta, porque tudo parece repetido e bem fora de verdade. Queremos nascer para as relações sensatas e honestas; queremos nascer para a bondade dos gestos simples e sinceros; queremos nascer para outras tarefas de construção, mais audazes e mais claras; queremos nascer para os espaços onde se respire pureza e bem-estar; queremos nascer para os montes e vales de silêncio; queremos nascer para as palavras que alentam e infundem sossego e alma nova; queremos nascer para os olhares autênticos e para as mãos que unem; queremos nascer para acreditar num futuro melhor, crença que o presente nos tira impiedosamente; queremos nascer para o trabalho persistente e pleno de pedagogia, em que a aprendizagem decorra sem sobressaltos; queremos nascer para as obrigações familiares equilibradas; queremos nascer para as falas prudentes de estabilidade e sensatez; queremos nascer para o civismo respeitador e pleno de exemplo; queremos nascer para caminhos novos que nos conduzam a horizontes abertos, livres e renovados de esperança. Porque queremos nascer assim, façamos do Natal a festa do nosso próprio nascer, e alarguêmo-lo ao mundo dos outros que querem crescer em espírito.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

RECEBER A LUZ


Estaremos prontos a nascer para as coisas novas do quotidiano? Que fazer, quando a nova luz estiver bem próxima e pedir para entrar? Recebê-la-emos em paz e em liberdade total? Saberemos mantê-la acesa por mais um ano, pelo menos, sem deixar que se apague cá dentro o seu significado? Não importa a hora a que pede para entrar na casa do nosso coração. Queremos que seja mais uma visita duradoura e que a sua presença perdure por muito tempo, porque afirmamos na natividade a permanência dos bons sinais nas nossas relações. Fica-nos um papel por demais decisivo nesta incitação para sempre: alimentar a chama que alenta faz-nos descobrir uma capacidade nova e feliz que é a de estarmos a crescer para um mundo novo. Ele não espera por nós. Juntos, conseguimos construí-lo com outra harmonia, dando-lhe mais cor e despertando os homens ensonados para a surpresa de festa que existe em cada dia. Muitos chefes e homens de números não percebem isto, porque atidos a rigores burocráticos e a justificações tecnocráticas, distantes das simples formas de perceber as realizações limpas e sinceras dos sinais da vida. Deixar entrar em nós a luz do que é despretensioso, é promover o encontro com as evidências incomplexas e naturais. De onde e como nascemos.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A MAIOR SURPRESA

As surpresas que temos nem sempre concorrem para a realização da nossa felicidade, mas podem contribuir para o nosso equilíbrio emocional. Sabemos que o nosso curriculum vitae não se compõe só de factos positivos assinaláveis, e que as quebras ou falhas também existem para nos ajudar a crescer. Se há virtude entre os acontecimentos menos auspiciosos que temos, uma delas é a de contribuir para aprofundarmos em nós a capacidade de interpretação dos sinais diários. Como numa despedida. Sabê-la sempre triste, porque sujeitadora ao abandono eterno, é tomar consciência de que, afinal, estamos juntos na simplicidade dos limites impostos à individualidade. Somos muito vulneráveis a esse prazo que ninguém conhece, mas que todos admitem inexorável, porque cada lugar precisa de ser ocupado por pessoas diferentes. A vaga fica entre quem compreender a utilidade da sua função, e, mais tarde ou mais cedo, será preenchida por quem perceber ter a missão de substituição a cumprir. Acreditemos ou não, que a vida se renova pelo princípio da substituição das coisas e das pessoas. Perante a inevitabilidade do itinerário comum, apenas nos resta aceitar essa força estranha dominadora como mais uma necessidade entre muitas, evitando recusas e atropelos ao curso de vida dado logo à nascença. No princípio, diferentes; no fim, iguais, porque todas as contas ficam saldadas a tempo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

ACREDITAR NA DIFERENÇA

A penúltima semana do ano não parece trazer consigo nada de novo. Os trabalhos necessários esperam por nós, enquanto não fazemos a também necessária pausa da época. A preparar arquivos, numa azáfama rotineira, antes de entrarmos no descanso merecido da quadra, entre números, linhas e colunas, para que tudo fique conforme. Restos de obrigações, antes que o ano termine e as expectativas não se concretizem. Altura para misturar algumas tristezas - poucas - com as alegrias de fé num ano melhor, entre aqueles que trazem novos significados à nossa vida. Precisamos deles, como da luz que nos entra nos olhos, porque cada dia pode ser diferente e sempre desafiante; porque os objectos também mudam de lugar; porque os nossos pensamentos também têm de se transformar. Doutra forma estaríamos a criar atitudes sempre previsíveis e pobres de surpresa. Devemos ter reacções ponderadas, sim, mas não pelo facto de os outros adivinharem as nossas respostas. A sensatez deve derivar antes da nossa capacidade de distinguir o sentido de oportunidade, sempre que as solicitações externas assim o determinarem, porque temos de ser novos perante a repetição empobrecida das ideias alheias.

domingo, 21 de dezembro de 2008

O ADVENTO DA LUZ

Último domingo do advento, neste ano quase a fechar. Mais uma vela se vai acender, em nome dos que acreditam que a luz pode e deve ir alumiando nossos caminhos, umas vez mais e outras vezes menos clarividentes, Uma manhã de muito silêncio e muita calma, como é habitual neste dia de descanso. Olhamos o sol e sentimos os frios que os ares trazem, a chamar-nos ao aconchego familiar. Falamos de novos afazeres na semana que aí está a começar e prometemos colaborar com as tarefas administrativas necessárias ao Natal dos outros. Sim, porque é muito necessário pensar nos outros que não têm preocupações com o trabalho, por não o terem. Devemos dar uma réstia de esperança aos que procuram e ouvem e vêem portas que se fecham diariamente, recusando a iniciativa. Porque hoje praticamente tudo se recusa, até a vontade alheia em colaborar connosco. Afinal, se podemos ser ajudados, porque havemos de negar esse contributo? Só uma espécie de cegueira nos impede de perceber que devemos participar em conjunto, na melhoria do grupo a que pertencemos. O Natal faz-se do tempo dado aos outros. O nosso está para chegar, entre trabalhos e responsabilidades nem sempre reconhecidas na verdadeira medida. Se o nosso advento tiver aquela chama que brilha sem se apagar, então estamos muito perto de considerar a natividade como a grande festa do nascimento do homem novo, que todos os dias procuramos.

sábado, 20 de dezembro de 2008

RITOS REPISADOS

A preparação dos compromissos finais do ano, como balanços e orçamentos, para que tudo fique bem registado, são trabalhos exigentes e próprios de uma etapa que requer novos fôlegos para que nos digamos entrar descansadamente num novo ano. Sabemos que todos os registos são necessários à configuração da história das instituições, donde o reconhecimento da necessidade de um esforço suplementar, a fim de produzir coerência entre tantas provas de projectos e exercícios realizados. Papéis a mais, num quadro de burocracia progressivamente afastado daquilo que deve realmente preocupar os profissionais mais empenhados. Isto é, estamos cada vez mais distantes de estabelecer regras de trabalho capazes de favorecer e consolidar as relações de confiança que se exigem ao crescimento dos pares, em vez que inventarmos folhas para ler a destempo, que, por sua vez, reclamam outras folhas explicativas da leitura das anteriores. E assim sucessivamente. Em vez de promovermos a libertação de ordens impositivas, negativas - assim mesmo, das que são típicas de autoridades caricaturais, e de defendermos a criação autónoma e livre de arquivos, somos forçados a colaborar numa onda de repetismo e de anti-inovação, incapacitante para quem prefere propor novos desafios.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

FALTAR AO AVISO

Esperar para ver não tira os nossos dias do cinzentismo repetido, nem costuma trazer grandes consequências ou novidades. Viver só na expectativa, contando que todas as contas atinjam os resultados dos nossos proveitos, também não acrescenta muito de monta aos nossos pecúnios emotivos. Falta prudência, dirão, ou o recado prevenido de alguém que intui perspicazmente os proventos futuros. Melhor só mesmo os avisos que podemos trocar entre nós, em atitudes enriquecedoras e edificantes de sabedoria. E se a própria vida nos vai presenteando com surpresas, não as podemos recusar por estarem mais longe ou mais perto daquilo que nos agrada. As pessoas são livres de tomarem decisões, até as que são em prejuízo dos outros, desde que não percam a memória dessa opção tomada. Não querem contar com as sugestões alheias, porque lhes parecem fraquezas puerilmente vestidas, e é dos mais crescidos que saem as decisões mais desagradáveis. Variações de comportamento, de quem deixou importantes decisões por tomar na vida, e agora se deixa absorver por minudências mesquinhas, passe o pleonasmo, para agradar um superior de cargo com amplitude inferior de vistas e amorfas realizações idealistas

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

OLHAR NO LIMITE


Uma fase que encerra, entre múltiplas canseiras e olhos cansados de tanta leitura e escritas esquivas. E entre tantas e tão amplas diferenças, os nossos critérios de cálculo devem ser os mesmos e não podem recrear-se com desvios mais ou menos hilariantes de afirmações irreflectidas, próprias de uma geração meia atordoada e em formação. Ninguém sabem bem que destino dar-lhe, senão que presente garantir, na máxima força que acentua o desgaste e criar sensações de impotência pelos insucessos a que isso arrasta. Estaremos a sofrer por uma falta de planos das nossas vidas, lançadas há muito e sem certeza daquilo que era futuro. E assim vivemos, sempre a duvidar do amanhã e a deixar para a própria pessoa a abertura dos caminhos livres por onde a vida passe sem obstáculos. Ensinar a vencer o cansaço e a elevar as capacidades de iniciativa e de autonomia, é uma tarefa de tal forma nobre, que não é a qualquer profissão que cabe assumi-la plenamente. Chegados ao fim de uma fase exigente de trabalho, olhamos já para o início do novo ano que aí está, na espera auspiciosa de uma nova aura de entusiasmo e fé, capazes de fixar num gesto limpo o horizonte que procuramos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

PREPARAR A FESTA

Quando somos todos chamados a participar na preparação da festa, mesmo absorvidos por agendas lotadas de trabalho desgastante e por tarefas devorantes, não devemos recusar o auxílio a prestar. No convívio e afã, podemos mostrar o outro lado das nossas preocupações, soltando alegria e excedendo entusiasmo pela data que se aproxima. Seja no dia seguinte ou mais tarde, colaborar na montagem de um programa de animação deve ser motivo suficiente para o regozijo interior se tornar duradouro. E se tudo for pensado para as crianças, ainda mais alma devemos dar à iniciativa, porque, se falhar à nascença, perde-se o efeito posterior, que se quer real e autêntico. Como as crianças, assim também nós devemos ser mais sinceros e certos connosco próprios, evitando o deslace das relações que tecemos dia-a-dia. Porque somos de afectos, podemos reconhecer na festa o início de uma nova etapa no valor a dar aos outros, porque também eles sentem como nós. O convite para participar na festa estende-se aos que coabitam num mesmo espaço, com objectivos comuns e sentidos apontados na mesma direcção: a criação e manutenção de climas propícios ao melhor envolvimento nas actividades diárias. Se assim fizermos, estamos, mesmo sem programas de risco, a dar ,luz à festa que sempre deve estar prontar a nascer em nós.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

CRIAR RELAÇÕES

São as oportunidades que lançam desafios de criação de laços entre quem não conhecemos. Tempos breves, quando queremos investir na aproximação e encetar no conhecimento do outro, para fundar o movimento contínuo de novos contactos. No trabalho como no lazer, estamos livres para tomar decisões no que à convivialidade diz respeito, ou para desfazer uma relação que já foi eventualmente duradoura. Nem todas se prolongam de igual modo no tempo da nossa história, dado necessitarmos de ir apurando os critérios de escolha e procura, modelados consoante as perspectivas que temos da realidade. Vivendo em estabilidade, mais facilmente definimos os motivos criadores das ligações que se vão tecendo entre pares. O pior que pode suceder é não dominar amofinações e actos falhados que temos, deslizando no rumo de perda de auto-estima e de desconsideração da própria personalidade, com o risco de desconcertar a linha cronológica entre o passado e o presente. Sem harmonia entre estes dois estádios, fica-nos uma biografia desarticulada e de caminho meio perdido em direcção ao futuro. Mutatis mutandis, as relações servem para estruturar a nossa história, que não se constrói de isolamentos e de eternos retiros em zonas nebulosas de pensamentos dúbios e faltas de motivação também incertas.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O VALOR DA (IN)FORMAÇÃO

Numa sociedade que se pretende marcada pela inovação, nomeadamente de ordem tecnológica, numa lógica ironicamente distante dos utilizadores, ainda vai sobrando lugar para os suportes clássicos de informação, como o jornal ou o livro. Em depósito mais ou menos vivo nas bibliotecas públicas, onde o conhecimento está ao alcance partilhado da população, os livros e os periódicos abrem-se à curiosidade sem idade, e com eles sabe bem ter o saber transformado na história que se tece a cada dia que passa. Porque passamos sobre coisas que passam, cabe-nos fixar a exclusividade de cada gesto ou página de brilho novo dado gratuitamente. Estaremos aptos a usufruir das vantagens do inovador acesso às fontes de informação, se formados para dominar a variedade de recursos existentes. Participamos na vida como pessoas gradualmente enriquecidas pela educação e aporte de conhecimentos, e afirmamo-nos consoante o uso que fazemos deles. Mais cultos são os que, perante um quadro de desconforto e instabilidade cognitiva, conseguem contornar o desequilíbrio originado na satisfação de uma necessidade. E quanto maior for o nível de formação, maior será o raciocínio empregue na solução do problema. Como construtores do futuro, num presente em progresso, é pela leitura que percebemos as virtudes da inteligência que nos pode levar longe, muito longe.

domingo, 14 de dezembro de 2008

O FOGO E O GELO


Quem diria que o frio que ora se enfrenta nem é tanto resultado de massas de ares polares, senão obra dos homens incautos que perpetuaram por gerações comportamentos incorrectos e onde o descuido foi sucessivamente tolerado. E pior: com cobertura legislativa indevidamente condescendente, perante um quadro de atitudes faltosas e pobres em integridade. Foram os lixos acumulados em espaços indevidos; foram as descargas cegas realizadas sem uma reprovação oportuna; foram as lavagens industriais sem testemunhos claros. E são os destemperos de muitos que perpetuam tais comportamentos, quando, há que admitir, os exemplos deviam partir de quem mais responsabilidades tem nestas matérias tão sensíveis. Só há poucas décadas passámos a ter verdades mais consentâneas com as desagradáveis imagens apreciadas noutros dias das nossas vidas. Castigos, dirão, impostos sobre nós em jeito de lições severas e dubitavelmente eficazes, porquanto já não irmos a tempo de tudo corrigir da forma mais equilibrada. Restam-nos promessas de criação de sistemas de compensação desses displicentes comportamentos, face ao efeito agastante do ar irrespirável e dos nossos espaços pouco convidativos ao encontro connosco mesmos. Numa consciência cívica activa, o futuro está sempre presente.

sábado, 13 de dezembro de 2008

A EXCELÊNCIA DO BRILHO


Enquanto os luares altos da quadra nos surgem raros e muito próximos, pedimos outra luz que aproxime ainda mais os homens e avive as relações francas e sinceras. A lição da trajectória do satélite da Terra parece-nos não nos negar que nem sempre é o Homem que procura aproximar-se do infinito. Situações há em que também ele vem ao nosso encontro, na forma natural e surpreendente de uma aurora ou de uma catástrofe. Estamos, isso sim, muito longe ainda de aceitarmos a maravilha ou a tragédia da mesma maneira. E é nesse aspecto que a Natureza, como colo pedagogo inesgotável, nos vai revelando o fascínio pelas realidades que estão para lá da que conhecemos. Ou julgamos conhecer. Não raro sobressaltados pelo imprevisto das nossas falíveis descobertas, de imediato nos acanhamos perante o espectáculo de um fenómeno incomum no nosso planeta, como se se tratasse de uma visita inesperada. Não gostamos delas, é o que é, pois arrazoamo-nos precavidos para o constante assombro dos mecanismos física e matematizados astronómicos. Vemos, então, a nossa pequenez ainda mais reduzida quando avaliada a transitoriedade das nossas afirmações e pensares. A luz mais brilhante que os nosso olhos querem fixar está sempre para lá do nosso próprio horizonte. Buscá-la é fazer crescer em nós uma fé capaz de ir ao encontro do eterno e imutável.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

ENGRANDECER PELO SORRISO

Um sorriso sincero vale bem um dia de canseiras. De nada nos vale, cabisbaixos, ter de aceitar um prazo a cumprir se o fizermos contrariados. Concordar com a vida, no que traz de bom e de menos positivo, aliviando a carga de sacrifícios com um sorriso, faz-nos mais humanos e aproxima-nos da nossa condição de seres em trânsito. Dar um sorriso alenta o espírito. As crianças têm-nos para dar, sem saberem de dúvidas e incertezas, sempre que alguém se dispõe a cativá-las e a aceitá-las num grupo mais alargado de relações. Gostando de se sentir no centro das atenções, sem que isso possa representar uma atitude egocêntrica, cabe à criança perceber que é essencialmente nos adultos que recai a responsabilidade de a fazer crescer nessa condição. Ou seja, o facto de uma criança pretender colocar-se no centro das atenções, pode não significar taxativamente que tenha uma razão de ufania a motivar tal comportamento, mas antes pela revelação de uma necessidade profunda em afirmar-se como um ser em crescimento. Como tal, requer alguma atenção para assumir responsabilidades, donde a primeira já resulta da posição ocupada estrategicamente. O sorriso é o melhor sinal de confiança de que a criança precisa para aceitar os desafios sugeridos ou impostos da maturidade, mediante uma linguagem clara e sem ironias. Porque ainda não domina artifícios linguísticos característicos das fases mais avançadas de crescimento, exige - da forma mais espontânea e livre - ser tratada com limpidez de palavras e gestos. Como todos, afinal, que prezam a sua personalidade e reconhecem na formação pessoal o melhor alicerce de construção social.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

IMORTALIZAR O NASCIMENTO

Um festejo soleniza uma data ainda mais recordável no futuro. Tratando-se de um centenário de uma pessoa artisticamente feita, novas razões nascem da efeméride. Sê-la, quando em vida o seu alvo convive entre nós, faz desta raridade um motivo de regozijo para todos aqueles que valorizam muito mais o nascimento que a morte. É uma questão antiga de mentalidade, ou de mentalidade antiga, termo-nos habituado a evocar com maior frequência a data de desaparecimento de uma figura relevante no panorama cultural e artístico português. Como linhas aferidoras das orientações formativas de uma comunidade, ou, por sinédoque, de um país por inteiro, nelas estudamos as relações dos indivíduos com as expressões realizadas das emoções vazadas na plasticidade musical ou visual. O abstracto, acima do realisticamente repetido e desanimador, porque pouco desafiante, sobrevém na dimensão intemporal com que uma obra de arte foi concebida e produzida. Investir na capacidade de produzir, muito mais que reproduzir, só está ao alcance dos verdadeiros artífices de histórias, que esquecem o mundo dos interesses imediatos e vivem pela aura fecunda que os inspira a definir um limiar de criação sempre para lá do facilmente visível. Onde querem chegar todos os que preferem olhar para as profundezas do irreal como lugar onde moram os génios eternamente raros. Em longa-metragem.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

AGREGADOS NA INTERVENÇÃO

Entre tantos e tão múltiplos interesses, nem sempre divulgados da forma mais apropriada, andam os cidadãos baralhados e mal esclarecidos. Ora por dirigentes de intenções pouco claras, ora por uma Comunicação Social pouco dada aos dois lados de um problema. A opinião publicada, sujeita à particularidade confirmada de uma assinatura e a um número definido de caracteres, tem-se progressivamente afastado da Opinião Pública, mais espontânea e franca que a anterior. Problemas com o peso das palavras, dirão, impedem cada articulista - folhelheiro? - de ser mais objectivo na presentificação dos seus argumentos. Para quando um jornalismo capaz de se documentar mais aprofundadamente acerca das convulsões adstritas aos problemas da Educação, contraditando coerentemente todos os implicados? Que fazer, quando uma pergunta, eivada de falácias, não é de imediato rebatida pela pessoa que a lançou de forma profissional? Havemos de continuar a dar partido aos que mais intervenção têm, por serem responsáveis por orientação duvidosas e nada dignificantes para um País que se quer pôr em velocidade de cruzeiro nas inovações tecnológicas? Perguntas sobre incertezas, muitas, que as respostas vão sendo dadas no confronto ideológico respeitoso dos pares. Sem perturbar o normal andamento das tarefas, que terceiros não podem ser atingidos por tais consequências. A decisão de defender interesses por intermédio da luta é pessoal, quando tomada em consciência, tornando-se partilhada no momento da intervenção. A cidadania activa assim o exige.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

CONTAS QUE CONTAM

Na (in)fidelidade crua dos números, lá vamos mantendo a esperança em que todas as nossas contas batam certo, nem sempre atendendo da forma mais acertada aos imponderáveis dos tempos modernos. Efeitos breves sobre efeitos repetidos, dos muito modernos, aí estão de vez a perturbar seriamente a confiança nas cifras, não raro substituta da confiança nos próprios donos das contas. Calma, pedem, e muita!, para aplacar as ondas de choque vindas de fora, como é histórico, lá dizemos. Depois, há o efeito de cada notícia publicada, demasiadamente grande para ser secundarizado, sobretudo quando se trata de ter políticos a fariscar os milhões que tilintam dos impostos contrafeitos dos cidadãos avezados pelas obrigações antigas. Também os bancos parecem aprender agora como resistir às contingências dos sucessivos panoramas ilusórios que foram criando. Bancos brancos de honestidade, que, essa, nunca se contou em moedas, senão em notas de boa monta, das que se guardam na bolsa da educação e lisura. Foi no que deu, olhar para as acções dos outros com ares farisaicos de avarentos podres. Queremos as nossas acções em alta, contando só com o que temos e que achamos sempre pouco, ignorando cegamente o rumo que podem tomar, caso passemos ao lado das parcelas de valores que nunca se devem arredar das nossas contas certas.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

DO PROFANO OU NÃO

O profano nem sempre coabita em equilíbrio com o sagrado. Quando a balança pende mais para um dos lados, quem perde é a própria existência, donde a urgência de procurarmos captar do sobrenatural a nossa satisfação de reconhecer que somos mesmo limitados e de pequenez cimeira. Ainda haverá muitas pessoas que entendem impossível a associação de perspectivas, optando prioritariamente pela perspectiva materialista no entendimento do mundo. A estabilidade entre ambas pode concorrer para o nosso bem-estar, se soubermos dar campo suficiente para que cada uma se expresse livremente e dentro dos limites da tolerância, da concórdia e da condescendência. Estando próximos destes valores, mais perto ficamos de poder criar e manter laços de verdadeira fraternidade e conciliação. Os nossos comportamentos, enquanto provas da formação individual, revelam jeitos e intenções adquiridos ao longo da vida, pelo que se devem orientar na linha da honestidade, seriedade e liberdade. Porque sentimos que pode muito bem ser na diferença que a nossa forma de ser e de viver deixa marca visível, procuramos defender uma atitude aberta e franca de assumir as nossas escolhas, sejam elas de ordem sagrada ou não. Estar de bem com os outros, mesmo perante opções profundas de formação, implica estar bem connosco próprios, na assumpção de critérios de conduta pelos quais entendemos, sem rodeios, pautar a nossa vida, sempre dentro de parâmetros de lealdade para com aqueles que tomaram importantes decisões por nós, nas idades de ausência de memória consciente.

domingo, 7 de dezembro de 2008

OS PENSAMENTOS SÃO ETERNOS

A morte de alguém é sempre de lamentar, principalmente quando se trata de uma pessoa com quem tivemos a oportunidade de privar. O que nos aproxima ou afasta dos outros pode ser o feitio, a aparência, este ou aquele traço peculiar que julgamos defeito. Ou até as palavras, ditas ou escritas. Quantas vezes as escritas aproximam mais que as ditas, mormente pelo facto de promoverem a reflexão, urgência dos tempos correntes, tão contrária aos interesses imediatos a que somos arrastados. Haverá outros motivos de foro mais íntimo, que nem sempre partilhamos abertamente com quem pôde estar perto de nós através da escrita. Surgidos das sugestões da leitura, ficam os pensamentos em trabalho interior até que a sua montagem se efective, tal qual uma parede. Não para enclausurar o nosso pequeno mundo, mas para nos obrigar a olhar o céu e a elevar as nossas vontades bem acima do chão que pisamos, como forma de fazer da nossa solidão e isolamento um baluarte mais resistente e duradouro. Para uma pessoa que registou as memórias que foi construindo, a memória perene de a ter para sempre viva nas páginas publicadas, porque essas não desaparecem - ressurgem a cada leitura, em razão a tornar a parar o tempo no tempo em que a vida parou.

sábado, 6 de dezembro de 2008

PROLONGAR O REPOUSO

Um fim-de-semana prolongado é raro demais para ser desperdiçado em futilidades. Se lamentamos a escassez de tempo para pensarmos em nós, nos nossos projectos e afazeres quotidianos, verificamos quão em perda ficamos no dia em que vemos surgir a oportunidade de viver um dia sem trabalho, ou por ser uma data marcante da vida civil, religiosa ou militar de um país, ou por estarmos de férias. Seja longo ou breve, esse tempo de descanso deve ser vivido de forma mais descontraída e com maior investimento na qualidade dos contactos com os que nos são mais próximos. Não raro assistimos a queixumes de pessoas que dizem não poder acompanhar melhor os seus familiares por não terem disponibilidade para tal. Claro que não é simples distinguir os conceitos de tempo em quantidade e tempo com qualidade, este essencial para promover os equilíbrios emocionais de que tanto precisamos. Partilhamo-los, se os tivermos, em qualidade e razão da nossa forma de compreender as necessidades dos outros, que também necessitam de tempo como qualquer um. O repouso é imprescindível ao nosso crescimento como seres criadores da História, porque também ela se constrói nos intervalos. O tempo é o que de mais precioso nos foi dado, desde tempos imemoriais. Tê-lo para dá-lo, gratuita e desinteressadamente, é uma dádiva cada vez mais rara, presente nas pessoas que não correm atrás dele.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

DA AUSÊNCIA E DO ESQUECIMENTO

A admitir que a memória é susceptível a intervalos de curso, que também necessita de repouso, à semelhança do cérebro e do olhar, resta-nos reconhecer a inevitabilidade das falhas a que frequentemente estamos sujeitos. Falíveis como somos no respeito íntegro das nossas obrigações, as impostas pelos calendários alheios, porque delicados no rigorismo numérico das horas - sabemos que o tempo passa e que, por passarmos com ele, nos tornamos progressivamente frágeis - compensamos atrasos e contrapesamos expedientes válidos e capazes de ultrapassar as limitações anteriores. E porque todos estamos sujeitos a contingências de múltipla ordem, aguardamos a compreensão dos pares para debelar estas ou aquelas omissões. Se descermos ao mais fundo da nossa forma de ser, preocupados em corrigir essas situações, verificamos que elas se perdem no tempo. Nasceram connosco, admitamos, o que não significa que tenham de nos acompanhar indefinidamente, uma vez que somos feitos de memórias quebradiças e de compromissos defectíveis. Só a escrita pode vencer este desfalecimento, em ordem a procurar o repouso curativo que favoreça o equilíbrio entre nós e os outros.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ACEITAR A DIFERENÇA

A vida é rica em surpresas. Surpreendemo-nos porque recebemos um trabalho inoportuno; porque gastámos o nosso precioso tempo de forma inútil; porque encontrámos, indesejada, uma pessoas negativamente surpreendente, porque altiva e distante nas desumanas funções que ocupa. Umas mais felizes que outras, quando não tão angustiantes quanto o desgaste que implicam, não as podemos rejeitar pela razão de não estarem nas previsões. Se é que estamos sempre a fazê-las... Posicionarmo-nos de atitude mais ou menos coordenada com as dádivas oferecidas, parece garantir estabilidade ao nosso crescimento e não é mau ter de admitir que fomos tocados por um momento benéfico. Isso foi logo que nascemos, por nos sentirmos iguais a outros a nós diferentes. E quão agradável é perceber que podemos ter autonomia suficiente para ir ao encontro dos nossos mais íntimos desejos. Porque queremos realizá-los, temos mobilidade para agir e capacidades para olhar, ouvir, tocar, saborear e cheirar. Ter a noção da vantagem que é ser provido de sentidos, já é uma ampla vitória, donde servirmo-nos deles da forma mais ajustada é a maior riqueza que temos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O SENTIDO DE GRUPO

Congregar pessoas em volta de projectos válidos e consistentes é tarefa árdua e muito exigente, conquanto sujeita à expressão de diferentes vontades. Quando os sentimentos da generalidade dos seus membros, apontando rumo na mesma direcção, há que manter vivos os propósitos fundadores e bem demarcadas as linhas prometidas, no esforço de cumprir as metas estabelecidas. Para que um plano de trabalho frutifique, se assumido em consenso entre os seus membros, está a priori sujeito ao continuado exame das próprias pessoas que o definiram. Assim também sucede com quem o fica a conhecer na perspectiva externa, onde reside a face mais crítica e insidiosa análise. Responder ao descontentamento de uma possível má execução do projecto, ou à frágil implantação dos trabalhos iniciais no terreno, por intermédio de uma linguagem esclarecida e ponderada, requer empenho e agregação de compromissos, no sentido de acertar agulhas numa rota promissora. Como a estudar um mapa: pode haver um piloto vacilante na escolha da senda prevista, mas se o comandante não corrigir as vacilações do subalterno, a deriva é inevitável. Os cálculos não podem falhar. Esse é o ideal que deve nortear o espírito de grupo, sem tremelejos e dúvidas, mas com firmeza e assertividade credíveis, em ordem a cumprir mais um degrau da História.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A ESTÉTICA DO FRIO


E no frio impiedoso de um Outono fundo, estação de promessa dos gelos e geadas, já as boas-vindas foram devolvidas, com temperaturas demasiado baixas. Mais um teste à nossa capacidade de resistência, porque também ao termómetro é preciso dizer basta. Se sobe, custa suportar. Descendo, doi sentir o sangue deixar de correr livre. Que fazer para ultrapassar uma onda de baixas tempéries, entre previsões de continuidade? Ideias de uma excelente escolha de um livro para leitura, ou de uma boa conversa entre amigos, podem muito bem servir para sobrepujar o arrefecimento do ar. São as ruas despidas de multidão, as casas fechadas aos sóis distantes, os jardins tapados de branco, pela manhã, como se a beleza da geada criasse outra excelência superior à do sol. Também o aparente desagrado visual pode significar luxo, se julgarmos tudo o que é da natureza como único e preclaro. A beleza pode encontrar-se em tudo o que nos rodeia, se o nosso espírito estiver disposto a perceber a manifestação de solenidade que diariamente recebemos.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

UMA DATA A CONSIDERAR

As razões históricas merecem sempre ser evocadas. E todos os compatriotas deviam estar mais envolvidos na vivência dos motivos que tornaram uma data memorável. Não basta apreciar um dia só por ser daqueles em que não se trabalha, seja santificado ou não. Nem basta deixá-lo passar, como se fosse apenas mais um na conta do calendário. Como se não tivesse nada de especial. Importa dar significado a cada dia que passa, insistimos, porque único e irrepetível, fazendo parte da nossa vida. E porque também fazemos parte de cada dia ao nosso dispor, não podemos abdicar de o preencher de realizações marcantes, favoráveis à lembrança futura. É certo que, pelo facto de sermos sobretudo memória, projectamos trajectos de vida e vamos traçando as linhas do nosso destino com as referências ganhas anteriormente. Tanto os que pouco ou nada se importam em recordar os desejos dos ascendentes, e tanto os que não balizam o seu itinerário em função do necessário rigor com que se deve encarar o futuro, estão emendados. Parecem, portanto, em desequilíbrio de papéis neste mundo, não reconhecendo na construção histórica a sua parte edificante como cidadãos empenhados. O porvir desenha-se com as linhas trazidas do passado. As datas sucedem-se e os factos dominam-se com a consciência activa de que nos pertence a parte mais importante da sintaxe social a que pertencemos.

domingo, 30 de novembro de 2008

REFLECTIR PARA CRESCER

Volvido um mês nestas reflexões suscitadas em simples e anódinos casos diários; estreitadas em palavras abertas e em pensamentos livres, como forma de tornar mais vivido cada dia que passa, recolhamos as vontades de leitura e entendamos novos desafios como meio de dar história à nossa vida. Cada dia que nasce merece ser transformado em parcela de um ementário para ler sempre, porque raro e nosso. Se cada dia for único e marcado por situações imprevistas, até dessas, mesmo desagradáveis, temos razões para o registar como ímpar, donde a exclusividade da vida que temos. Mais ninguém é capaz de pensar o que pensamos. Pode ser capaz de pensar como pensamos, mas estará certamente muito longe de discorrer sobre as mesmas imagens e projectos que qualquer outra pessoa. As mesmas formas de agir e pensar automatizam os princípios de cidadania e tornam os indivíduos excessivamente previsíveis, fáceis de dominar. Enquanto formos aptos a determinar o nosso próprio caminho, reconhecendo a vantagem de sermos irrepetidos seres num mundo que passa com pessoas que ficam, criamos mais que reproduzimos; alargamos mais que abreviamos os horizontes sociais, como margens de um alfobre de homens novos em crescimento sabiamente infundido.

sábado, 29 de novembro de 2008

DO CONTACTO À FESTA

O convívio é extremamente necessário à condição humana. Uma agenda não deve servir só para anotar canseiras e prazos de conclusão de trabalhos, princípio tão contrário à própria vida que se nos apresenta sem prazos de conclusão. Somos sociáveis, animais de hábitos gregários e propensos à confraternização e partilha das alegrias e embaraços diários. Enquanto tal, precisamos de nos preocupar seriamente com os momentos realmente úteis à nossa passagem, prescindindo de regras limitadoras da nossa predisposição para a festa, porque essa é uma urgência sensível dos amigos e familiares. É fundamental estarmos atentos às ofertas que a vida nos concede. Uma delas é o dom do encontro e da alegria. Combinadas de forma saudável, é como se uma nova inspiração penetrasse a nossa alma num cântico épico de eternidade. E porque valores como a amizade e o companheirismo nunca podem desvanecer, não é transgressão refrear os ritmos quotidianos em favor de recordações de situações inesquecíveis. A nossa história faz-se em conjunto para o conjunto, sempre mais marcante quanto mais aprofundados forem os apelos à união e contacto entre os membros de um grupo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

DA GESTÃO DO TEMPO

Ter pressa é não ter explicação para a gestão deficiente do tempo. Desculpas, serão, de todos os que vivem supliciados pelas pressões diárias impostas nos prazos e horários a cumprir. Ter tempo é estar disponível a aceitar a duração que tiver de ser dada àquilo que tivermos de fazer. É de boa nota respeitar o tempo dos outros, pois que apreciamos ver que respeitam o nosso. Muito importante é reconhecer a verdadeira utilidade do tempo que temos, em tantos contextos onde estamos e passamos. Quando realizamos qualquer tarefa agendada, nem sempre as pessoas que assistem à nossa mansidão ou exaltação percebem a vivência e a qualidade desse tempo. Classificar aligeiradamente os pares pela forma como gerem o tempo é erróneo. Ficar unicamente com a noção cronológica da contagem numérica da passagem dos momentos empobrece-nos e não nos tira desta superficialidade que é a leitura da paisagem. Devemos, outrossim, aprofundar o saber das raízes, onde encontrar o domínio do tempo, como entidade transformadora das noções que da vida vamos ganhando.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

MEIOS A MAIS

Os meios tecnológicos disponíveis e ao alcance do Homem não são suficientes para o substituir. A avaliar por muitas pessoas que nem dispensam o telemóvel ou o correio electrónico, como meios de comunicação activa, pelo menos para contactar os amigos, os que se pensam efectivamente assim, nada escapa à comunicação. Sem se transformar numa monomania, especialmente quando, na procura de rede, uma conversa privada tem de sair à rua para acontecer, o aparelho de bolso é dos que mais mexe na bolsa de quem o usa. Para quê a queixa, se quem o usa pensa sempre mais nos imprevistos, usando-o, origina outros momentos inesperados, num ciclo fechado ininterrupto. Seria óptimo encarar assim utilidade dos aparelhos investidos de personalidade, se houvesse no seu uso um raciocínio humanizado e dialogante, capaz de ver neles uma funcionalidade recorrente e sempre ao serviço da criação e manutenção das boas relações entre as pessoas. Mas não. Não é assim que agem as pessoas atidas aos instrumentos de conversação, pois que aproveitam as falhas de bateria para apontar outras aos outros, desarmados mas abertos às explicações desinteressadas dos falhanços ocorridos. Teremos meios em excesso, para viver dependentes de uma falta de sabedoria que já devia ter nascido muito antes deles.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

CONTAR PARA SABER

Trazer à luz acontecimentos idos, ou revelar situações meias perdidas na memória dos dias, é abrir a nossa presença aos outros. Quando o baú das recordações se escancara a quem não o esperava ficar a conhecer, outras surpresas daí vêm, misturadas com emoções mais reflectidas e mal ponderadas. Desabafar é, portanto, mais uma necessidade entre tantas outras, que fazem perder a inibição de quem a tem, e dão a ganhar comunhão de interesses a quem ouve. Saber ouvir é uma virtude. Saber contar com presença de espírito é uma arte. As histórias, as notícias, as crónicas da nossa vida devem ser abertas aos outros, em lições de fraternidade e sentido de crescimento humano. Se escolhermos bem a oportunidade para denunciar as nossas pulsões, mesmo que nos julguem em ridículo, é bom que saibam que somos pelo que pensamos melhor, e não pelo que os outros ajuizam pelo aceitável e socialmente adequado. Aí, nem sempre têm cabimento as boas palavras, porque esvaídas de sinceridade e realismo. Saber porque sim, também não é de bom tom. Preferimos saber para melhor conhecer.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

AUTORIDADE ABERTA

A nossa história faz-se de muitas datas e lembranças. E quanto mais nos envolvemos na textura social, maiores são as possibilidades de podermos ser recordados pelos tempos fora. É assim, porque as responsabilidades aumentam e as relações se entretecem mais aprofundadamente. Não tendo projectos que impliquem núcleos assinaláveis de elementos, em número, pelo menos, sujeitamo-nos a perder uma autoridade de extrema importância para manter uma liderança partilhada e sempre aberta às críticas. Pena é que muitos não pensem desta forma, já que confundem, talvez sem se aperceberem - o que é nefasto - os conceitos de autoridade e mando. Quando a primeira escasseia, prevalece a segunda, num processo pesadamente incómodo para os subordinados. Porém, quando o convívio entre ambas se mostra de razoável relação, a autoridade reforça-se e o poder não se põe em questão. É aqui que a qualidade das lideranças falha, porquanto sem noção da proporção de juízos em que se deve trabalhar. Olha-se, depois, só para cima, com receio de avaliações desconsiderantes dos métodos de trabalho empregues, e não se actua com a humanidade própria de quem construiu paulatinamente os alicerces das funções que ocupa.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O MAL BEM VESTIDO

Quando as relações entre profissionais roçam a desumanização, mormente por altivez e arrogância de origem anglo-saxónica, a julgar pela (de)formação, só nos resta perguntar pela consciência e moral de quem se pensa ariana. Raças puras, em actos públicos, mas corruptas, em costumes privados, dão-nos a entender auras de bem-culpar-os-outros, assumindo não querer mais conversar com este ou aquele colega. Criancices ou infantilidades, de quem é incapaz de olhar bem nos olhos os outros pelas diferenças que têm, e aceitar essas mesmas diferenças como forma de nos enriquecermos mutuamente. As actividades que desenvolvem tudo delas exigem, e pensam ter lugares guardados nos cumes das tomadas de decisões. Lá, onde sempre se olha de cima para baixo; onde ninguém pode reclamar ajudas, porque faz mal olhar de soslaio sequer. Pensam que todas as pessoas que olham para si desejam ser iguais, porque encarnando todas as virtudes. Para elas, os defeitos só podem estar nos outros, que chamam de longe atenções doces de humildade. Nunca souberam valores desses, nem acham que o mundo nem sempre pode ser visto às cores. Cinzentas por dentro, enegrecem os futuros de quem com elas partilha o espaço, deixando à sua volta um rasto de penúria a que um dia ficarão agarradas, eternamente meninas transformadas em celibatárias devotas de gabinetes escusos.

domingo, 23 de novembro de 2008

AFIRMAR SEM RECEAR

Sem qualquer receio de poder ser contrariado pelo avanço de uma ideia arrojada, sentencio que qualquer tempo é o ideal para afirmar a nossa personalidade, ainda que nem sempre nos contextos mais adaptados à nossa forma de estar e sentir. Encobrir, gesto errado, os nossos pensamentos só porque do outro lado está alguém de juízos fáceis, não parece mais correcto, porquanto ilusório dos sentimentos em troca aberta e franca. Pretendendo que assim sempre seja, não nos devemos furtar à revelação transparente da nossa forma de compreender o mundo, eternamente disponível ao nosso domínio crítico construtivo. Temos raciocínio e experiências úteis para dispor ao serviço do colectivo, pois que somos em conjunto olhares e emoções sobre tudo o que vemos e sentimos. Ninguém é efectivamente neutro, perante as atitudes alheias ou notícias que conhece. Age consoante a sua espontaneidade ou ponderação, mediante códigos socialmente aceites e toleráveis, aberto às considerações dos outros e escudado numa personalidade estimada e plena de autonomia.

sábado, 22 de novembro de 2008

IMPULSOS RITUAIS

Quase em época de balanços, lançamos cansaços no fogo dos últimos dias do ano, e queimamos os restos meio usados, gastos como que a prever novos lumes numa outra etapa de fé. Ano após ano, numa aventura de muitos princípios, retrocessos e outros tantos andamentos, qual sinfonia prolongada pelo apetite eufónico de uma assistência leiga, apontamos a concretização de virtudes e projectos a cada badalada dada. Sons que passam e nos transformam em seres de promessas ou de falhanços, se vistos à frente ou não, como criação de ritmos a que nem sempre damos a devida importância. Apequenados no frenesi mundano e rotineiro, porque levados numa corrente que empurra aceleradamente a um destino irrepetível, cremos nas nossas despesas como forma de nos tornarmos donos de coisas que possam perpetuar a nossa passagem por este mundo, e esquecemos a aposta mais duradoura que devíamos fazer às orientações do espírito. Não é que somos mais resultado da combinação de vontades que de matérias?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

EM ANOS SOBRE ANOS

Estratégias a mais e aptidões a menos, num país fustigado pelas contrariedades no campo educativo. Quase nem valem a pena reuniões sobre reuniões, em horas sobre horas, com grelhas sobre grelhas, em papéis sobre papéis, acumulando cansaço sobre cansaço. Daqui só derivam desvios improdutivos, pois que assim só podia ser, e parecemos novas amostras de laboratório em julgamento diário e amplificado pelos meios de comunicação social. Torna-se, portanto, muito difícil gerir os interesses localizados na sala de aula contra aqueles difundidos à população, frequentemente confundida com a pressão concorrencial noticiosa. Regras. Precisamos - muito! - de novas regras que regulem os percursos de formação dos portugueses, sob pena de hipotecarmos a vida dos nossos vindouros. Gerações sobre gerações, empenhadas conforme as necessidades e desembaraços úteis, elogiando, encorajando, corrigindo, reformulando e revendo, sempre na demanda da promoção social do indivíduo, como garante de continuidade dos valores culturais incorporados. Hoje, e mais que nunca, temos de nos empenhar fortemente em lutar contra a carência e quietismo de muitos jovens que já não encontram tantas portas abertas, nem largueza de futuro, como tiveram os que agora são seus pais. Precisamos de implicar profundamente os exemplos como orientações proveitosas e necessárias ao nosso crescimento individual e colectivo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

OUVIR É DILATAR A ALMA

Os problemas nascentes auxiliam o crescimento, se deixarmos que as soluções actuem. Livres na sua procura, e reconhecendo a legítima utilidade para debelar os conflitos que surgem, encetemos a via de indagação de respostas a desequilíbrios como meio de ultrapassar desencontros e dúvidas. Tão naturais e necessárias como o ar que respiramos, a nós nos cabe sistematizar raciocínios e priorizar desenlaces para as divergências procedentes dos diálogos tidos. Nem sempre construtivos, porquanto do bom senso, não raro, arredios, até que ponto estamos aptos a avaliar a sua adequação às pessoas com quem os entretecemos? De pouco importa imputar no trabalho a responsabilidade de um colóquio mal encaminhado, ou a culpa de um falante mais exaltado, se, por uma simples pergunta, as reacções produzidas não forem calibradas ao teor das palavras empregues na demanda. Paremos para reflectir, ouvindo fundos chamados à quietação e bonança, e ajustemos os termos do nosso baú de sentenças aos proveitos moderados da conformidade com os nossos pares, por forma a promover o salutar relacionamento entre todos.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

IRONIA E SERIEDADE

É por demais sabido que necessitamos de estar ao corrente de dados comuns para os poder comentar e revelar as nossas opiniões. A vida social, mas sobretudo a vida política, recheia-nos de constantes imprevistos. Uns mais originais que outros, porquanto forma de distância das monotonias há muito reconhecidas na linguagem dos governantes. O exemplo de ontem torna-se muito grave, mistura de ironia e seriedade, num contexto austero, como foi o caso da comunicação proferida. Partiu de alguém com enormes responsabilidades na educação de uma opinião pública bem informada e esclarecida, que reclama dos seus representantes uma lucidez activa e uma consciência ponderada, perante diferentes perspectivas da realidade. Bem mais fácil seria julgar os outros pela liminar falta de seriedade, ao invés de suscitar a dissipação das dúvidas, como procedem alguns elementos de órgãos de comunicação social. Não queremos, na criação de cidadãos convictos e responsáveis, receitas palavrosas adaptadas ao caso, senão ir aprendendo com os erros ou gafes, imperdoáveis, em quem, perante os olhares vulpinos de uma assistência ávida do calor jornalístico, torce o nariz ao futuro ainda mal projectado.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

AS PALAVRAS REVELAM-NOS

A linguagem que usamos é a maior prova da nossa versatilidade como falantes. Adaptamo-nos a diferentes situações, moldados pelos contextos em que vivemos, e denunciamos as nossas opiniões num olhar, num gesto, num traço de rosto ou numa palavra, forma mais completa de expressarmos o nosso mundo. As palavras marginam o nosso raciocínio e amplificam as intenções que gradualmente crescem no interior. A partilha dessa realidade abstracta, como construção autónoma e mais ou menos definida, depende, portanto, de um acto consciente e adoptado como correcto, de modo a consolidar a nossa afirmação no espaço que ocupamos. Cada palavra, transformada e transformadora, é uma imagem nossa revelada ao outro, pelo que se torna de capital relevância ponderá-la nos usos e intencionalidades objectivas finais. Quanto mais aproximarmos as palavras de que nos servimos aos bons motivos a elas associados, mais nos unimos em pensamentos realmente únicos. Não dos que nos roubam a visão periférica do que nos rodeia, mas daqueles que nos fazem encaminhar em direcção ao sentido gregário tão característico do género humano.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

TEMPO A TEMPO

Um atraso no tempo pode valer reprimendas infindas; eternas insistências em alguém em perda de razões. De nada valem explicações sobre explicações, descobertos os motivos de um horário não ter sido cumprido. O que mais importa, perante a falha assumida, é saber entender o contexto em que tal sucedeu, na confirmação de que estará longe uma possível repetição. Porque somos humanos, mas que nem sempre aprendemos a esquecer, em ordem a perdoar, necessitamos de aceitar a posição voluntária do outro que solicita a compreensão e estímulo para ultrapassar o desequilíbrio. Evitar recaídas é imprescindível, sobretudo se estivermos dispostos a reconhecer que, a qualquer momento, elas podem surgir, como obstáculos que nos põem à prova como seres em crescimento.

domingo, 16 de novembro de 2008

ACENAR PARA NÃO ESQUECER

O afastamento das pessoas gera sentimentos de abandono e perda, quando a distância aflige mais que o aceno de separação. São esses gestos finais que ficam registados na memória e se avivam quando evocamos os nomes dos que nos marcaram, porque com as etapas e mistérios da vida explicados em lições irrepetíveis. Não surpreende, pois, que uma despedida para sempre traga dores indeléveis, uma vez conscientes da ausência do outro. Aprendamos a elevar o seu sentido de presença, durante a estadia na Terra, porquanto únicos capazes de perpetuar a aura de convivência existente. Nutri-la, como meio de garantir a história dos nossos percursos, faz-nos exemplo perante o outro, se agirmos sob princípios de lealdade, honestidade e verdade. Recordar pessoas quando assim foram, é limpar energias negativas e hábitos sujos que os dias pouco mais que cinzentos nos dão, agravados, também eles, pela escassez de momentos de interiorização. No fim, perante o inevitável, lamentamos os tempos gastos com futilidades, ao invés de defendermos a presença funda do outro em nós.

sábado, 15 de novembro de 2008

CONVITE À GRATIDÃO

Um convite, por mais simples que pareça, é já um sinal de gratidão. Somos pessoas porque criamos relações, umas mais duradouras que outras, mas, porque também temos capacidade para recuperar o passado de bons momentos, refazemos parte da vida num encontro. É uma necessidade funda, em ordem a despertar linhas de harmonização das relações humanas. Porque imbuídos de princípios sólidos e dinamismo edificante, aceitamos ou recusamos uma palavra de aproximação, num dia, numa hora e num local com significado para o grupo, como forma de manter vivos antigos laços de companheirismo. Afinal, de nada serve insistir em olhar para esta vida como tarefa agastante, entediosa e árida, se não projectarmos alegrias em convívio fraterno e passível de poder ser celebrado pelos tempos fora. Devemos sentir-nos profundamente gratos, quando os amigos recordam o nosso nome e a ele associam um projecto anterior, mas que continua vivo e em desenvolvimento.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A FESTA NECESSÁRIA

O ser humano tem, na manifestação da sua alegria, uma forma de expressão da sua alma. A festa transforma-se, dessa maneira, na ritualização de um sentido de convívio e lazer que representam uma das necessidades vitais de todos. Estar presente, conversar, observar, intervir e disfrutar de uns momentos mais descontraídos, num espaço aprazível, deve ter especial significado para quem foi convidado. E só tê-lo sido já é razão suficiente para nos sentirmos felizes, porquanto parte de uma lista relativamente privada de elementos. Exceptuando as festas populares, os critérios de quem propõe a presença das pessoas são desde logo conhecidos, tendo a origem em factores de amizade e confiança. Valores tão úteis à sociedade contemporânea, que dia após dia reclama unidade e harmonia em vez dos egoísmos fúteis e inconsequentes, de onde nascem vozes sem eufonia suave; só com ritmia aparente; sem melodia atraente.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

DAR VALOR AO QUE O TEM

As relações de trabalho nem sempre se pautam pelas regras de honestidade e empatia. É cada vez mais frequente sermos confrontados com atitudes hipócritas recheadas de malvadez, nos silêncios suspeitos e levianos, quando abertamente vistos, mas surdamente amplificados em gabinetes silenciados pelos medos de quem gere os destinos desta ou daquela instituição. Ter medo por necessidade, como em outros tempos, e ter medo por incapacidade, tão peculiar agora, são duas coisas distintas, em que nem sempre fica bem distinta a distinção entre distinguir uma posição da outra - uma frase boa para um texto de entreter consciências do absurdo, infelizmente presentes nos contextos saudáveis que procuramos. Não devemos rumar, em caminhos vazios, a sentidos breves de vida, porque empobrecedores de ideais. Grandes, que os entendemos e pensamos dessa forma, querendo-os à imagem da nossa alma sem fronteiras. Ser livre também é notar os maus exemplos como inúteis, mas sem os elevar nas misérias mesquinhas quotidianas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A CULTURA COMO CRIAÇÃO HUMANA

Quando discorremos sobre cultura, múltiplos conceitos acessórios surgem. Ficamos, até, confusos por não discernirmos muito bem sobre uma matéria tão abrangente. Exactamente por isso, devemos compreender mais as percepções dos outros que tentar impor as nossas, quando avaliamos o fenómeno cultural e opinamos sobre as suas formas e manifestações. Certo e sabido: a cultura é uma construção humana complexa, que espelha a relação do ser com o que o rodeia. Assim, a arte serve como meio de expressão dessa leitura pessoalizada das coisas e reflecte a variedade de perspectivas que cada indivíduo pode ter da realidade. Mesmo que, à luz de algum senso, possa parecer imutável, cabe ao ser humano transfigurá-la com o seu sentido criador, faculdade oferecida não tanto pela ciência, mas mais pela emoção. Esta prevalece sobre a razão, despertando a geração de sentidos novos, sempre que nos posicionamos perante uma obra digna de valor artístico. A cultura, como acto de compreensão e criação, não pode apresentar-se estática numa elite caprichosa, mas deve fazer aproximar os homens na leitura harmoniosa do mundo.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

LER OS SINAIS CORRENTES

É muito importante saber ler os sinais diários e descobrir, através deles, o encaminhamento da História. Uma vez que fazemos parte dela, como construtores activos e solidários, precisamos de educar a nossa sabedoria para conseguir interpretar bem as palavras usadas em voz dos que nem sempre a têm. Compreender exige capacidade de mobilização de saberes, e agir sentido de iniciativa. O tempo de todos não se faz por arrojos isolados, nem por turvações obsessivas. Antes pela seriedade e dignidade de atitudes, moldadas numa infância equilibrada e consolidadas numa adolescência harmoniosa. Imputar nos outros o fracasso da falta de sentido de aproximação, só denota arrogância e autoritarismo, dispensáveis na formação de homens novos. Os exemplos devem sempre partir de quem mais responsabilidades têm, mesmo que os órgãos de comunicação social ainda não tenham percebido isso, não raro revelando trejeitos de parcialidade e falta de competência de leitura dos sinais correntes.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O SENTIDO DA REUNIÃO

Reunir é uma necessidade humana, como o sono e os sentidos. Congregar pessoas em função de interesses e metas comuns é tão ou mais importante que tomar decisões. Sendo em conjunto, ficam com outra consistência e captam as mais ajustadas preocupações que norteiam este ou aquele grupo. E quando todos os seus elementos vivem o mesmo espírito de consenso, os compromissos ganham agilidade e autonomia, até, rumo à efectivação das necessidades diagnosticadas. Ter o sentido de conjunto é considerar a atitude de união como fundamental para alcançar uma meta de uniformidade, no esforço de promover a harmonização de todos os implicados. As trocas de dúvidas e a partilha de resoluções podem fazer de cada projecto uma etapa de estruturação dos ideias conjuntos, pois que é na evolução dos trabalhos que a dimensão das coisas enforma. Ao conhecer as virtualidades das escolhas assumidas entre todos, poucos podem vacilar perante os desafios que paulatinamente forem surgindo, num processo vivo e naturalmente sujeito a reformulações, porque crescer significa sempre recomeçar.

domingo, 9 de novembro de 2008

PARAR É PRECISO

Domingo, dia de descanso. O dia anterior esteve agitado pelas notícias de muitos milhares revoltados pela contínua desconsideração política e social, reunidos na capital em manifestação ordeira. E hoje avalia-se o que se fez. Servirá a força das palavras para demover teimosias e consolidar a lealdade entre os profissionais da pedagogia? Ou veremos os princípios absurdos defendidos por um grupo de poder, isolados numa maioria que se deveria chamar absolutista? Terá, a sensatez dos homens, desaparecido? Como propagar o diálogo construtivo e restituidor da necessária confiança entretanto perdida? Estaremos a edificar as pontes de cidadania entre governantes e governados, procurando dar o melhor exemplo na sociedade? Paremos para reflectir, porque o tempo urge.

sábado, 8 de novembro de 2008

LER PARA CRESCER

O que pensam os outros de mim? O que faço aqui? Onde acho que os outros sentem que eu sou preciso? Perguntas antigas para desafios novos, a que custa responder com coerência e rectidão. A leitura de livros favorece o crescimento da nossa personalidade, mas a leitura dos dias consolida muito a nossa maturidade. E é dela que precisamos para atingir em cheio o alvo das questões no início formuladas. O que os livros contam é fundamental para prever os caminhos do mundo, já que aos escritores cabe fundar ficções ou realidades mais ou menos apelativas, como criadores de conhecimento, sonhos e histórias. O contributo que dão é muito importante, no esforço de perpetuar o imaginário de gerações, moldadas de acordo com as variantes culturais e sócio-económicas vigentes. Mas no que devemos mais investir é na criação de mundos verdadeiramente autónomos, guiados pelos valores familiares e escolares, como estruturadores do crescimento equilibrado que se pretende. Se ler não servir para alicerçar a nossa maturidade, é mesmo preferível nunca tirar o pó da estante.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

LER É CONSTRUIR

O prazer de ler nem sempre é consentâneo com a necessidade de aprender. Não faz mal assumir que um óptimo leitor pode muito bem aprender por si, qualidade que determinados escritores têm à saciedadede. Ler implica mobilizar o previamente mobilizável, de forma sempre diferente e audaciosa. Nesse sentido, qualquer acto de leitura é, per si, um acto subversivo, na medida em que nos impele a reformular o adquirido, ora de maneira equilibrada, ora através de rupturas mais ou menos conciliáveis. E é exactamente entre os equilíbrios e as rupturas que se vai consolidando a nossa personalidade, moldada pelas escolhas conscientemente aceites, na defesa dos nossos interesses e na conquista da esperada promoção social. Aceitar o desafio da leitura de um bom livro é um acto de crescimento são, ainda que a mensagem possa parecer desgastante, fastidiosa e rotineira. Temos de deixar que as palavras lidas façam em nós um efeito qualquer. Até mesmo incómodo, porque também as idades que vamos tendo servem para nos desinstalar do que já conhecemos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

FEITOS NUM 8

Ninguém há-de tremer numa batalha, se o chefe do pelotão encorajar e alimentar a força de união. Mas quem manda não estimula. Exorta sem fundamentos de rigor prático, porque mergulhado na cegueira política. Estes tempos são de apreensão e dúvida. Muito pedem aos aos professores deste País que ganhem ânimo, para suportar afrontas diárias. Indisciplina, porque há poucos exemplos reveladores da diferença, parecem tornar os alunos mais iguais uns aos outros - repetentes na leitura vazia da realidade, porque, também aí, os bons exemplos rareiam... Restam regulamentos internos - os verdadeiros manuais de cidadania - para descobrir em não se sabe quantos sumários de teoria e saturação. E as famílias ultrapassadas, quiçá, pelas metas impostas pelas escolas, muito numéricas e fixistas. E a desumanização das relações a alastrar como fogo em mato crespo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

SUSPENSOS EM NÚMEROS

Porque será que os números têm sobre nós uma força tão estranha, que, semanas após semanas, nos ativeram suspensos a resultados praticamente previsíveis? Falo das eleições norte-americanas, que mobilizaram meio mundo para chegar a uma conclusão por demais conhecida. Pelo menos eu, já a conhecia, por via do rotativismo político na nação dominadora. Depois de percebermos os fracassos de gestão das políticas do presidente cessante, e de atingirmos níveis de insatisfação há muito arredados, só restava a possibilidade de mudança. E, num mundo que progressivamente se globaliza, surgiu um líder capaz de concitar as esperanças de muitos milhões de pessoas. A meu ver, foi essa qualidade que fez vencer o novo presidente, porque soube ir ao encontro daquilo que as pessoas mais procuram - segurança.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

TECNOLOGIAS DESVIRTUADAS

O "Magalhães", computador supostamente produzido em Portugal, é a nova panaceia do nosso Ensino. Estaremos a curar uma doença num quase-moribundo leito, de olhos semicerrados e neurónios amolecidos pela palidez das propostas políticas...
Numa era em que se descobrem constantemente novas virtualidades nas novas tecnologias, deixamos de olhar para quem as utiliza e damos muito mais atenção ao que é utilizado. Passámos, portanto, de um tempo em que dávamos destaque e importância ao criador e estamos, sem muitas respostas dignificantes, a priorizar o objecto criado. A nossa vida faz-se de subsituições. Nem nós somos sempre iguais em todos os tempos e lugares. Somos bem capazes de trocar dois minutos de reflexão por uma hora de diversão avulsa, de onde reinventamos histórias e outros níveis a desafiar. Conquistas, diremos, possíveis graças às potencialidades das máquinas. Que nem sempre auxiliam, na verdadeira acepção do termo, mas que subjugam; dominam; domam.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

VOTOS AOS PRÓXIMOS

Mais uma semana que abre com vontade de criar algo novo e único. Farto de ouvir falar nas eleições norte-americanas, amanhã, recolho o meu espírito e penso nos votos a desejar àqueles que estão mais próximos. Esses, não tanto por serem alvos visíveis dos nossos olás, mas por merecerem o continuado auxílio afectivo sincero, é que precisam de inspiração diária para enfrentar as agruras por demais repetidas. Encorajá-los é tarefa nobre e solidária, pois como crescer juntos num mundo cada vez mais afastado dos próprios homens que o ensinam a crescer? Não será assim que melhor se engrandece este espaço comum que habitamos, tecendo linhas sem destino e abrindo caminhos de horizontes breves. Do que queremos mais perto, só as pessoas de bem se aproximam desse ideal perene que acalenta o espírito recomendado às virtudes.

domingo, 2 de novembro de 2008

AINDA A MEMÓRIA

Novas visitas, no dia de hoje, aos locais de encontro connosco e com os outros. Procuramos estar com quem mais nos respeita e nega, por vezes, e aceitamos convites dos que nos têm em conta, pelas boas acções ou pelos erros. Porque temos memória, saímos do nosso mundo e fazemo-nos aos caminhos para encontros com as saudades e distâncias. A nossa vida vale muito mais pelo que fazemos, é há muito sabido, mas também tem enorme importância por aquilo que desejamos. E ter próximo quem de nós mais estima tem, já é maneira de tornar perto cada pessoa viva nas nossas lembranças.

sábado, 1 de novembro de 2008

SOMOS SOBRETUDO MEMÓRIA

Novembro entrou de manso, ensonado, cinzento e levemente arrepiado. Choverá, pela tarde, assim as previsões falaram. Estarão as pessoas ocupadas com as visitas aos entes partidos, e uma partida do clima a sujeitá-las à pressa de, também elas, partirem dali, daquela brancura que significa mesmo paz. Onde não há dinamismo, senão lembrança, porque somos todos memória. Memória de nos amarmos, memória de gostarmos do que a vida nos beneficia, memória de sentirmos que vale a pena entregarmo-nos a causas duradouras. Como a maior é a própria vida que temos, demo-nos à devoção de a respeitar livremente, dando exemplos firmes de valores perenes.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Pórtico

Abrir a porta de uma casa que praticamente não fecha, não custa. Mas tê-la sempre aberta à consideração dos que, de bom grado nela querem entrar, requer disponibilidade e simpatia.
Os amigos terão sempre uma palavra inspiradora de entrada, que antes vale a trinta de despedida, e haverá conforto nas ideias partilhadas entre quem estiver pronto a tornar comum o que sente e o que pensa. Façamos desta plataforma de comunicação um ponto de partilha de opiniões e sentimentos, que (pre)enchem os nossos dias não raro mornos.
Bem-vindos, portanto, ao limiar das ideias que nascem das portas e janelas que não se fecham.